Por: Ricardo Coelho dos Santos
Vamos falar de um filme esperado há anos: Batman e Superman dividindo a mesma tela! O sonho de todos os leitores de gibis e congêneres, hoje, apelidados de “nerds”. Eu seria um dos sonhadores, se já não guardasse certa confiança.
A desconfiança estava na degradação de qualidade que a DC Comics se especializou em praticar. Suas histórias eram boas e suas leituras agradáveis, até sofrer com a concorrência com a Marvel, de Stan Lee. Mesmo sendo pioneiros nos quadrinhos e na apresentação de super-heróis atuando juntos, além de buscar uma história de passado dos seus principais heróis, como Superboy, que mostra Superman adolescente tendo sua maior preocupação a convivência entre os colegas de escola, a coisa se complicou quando os personagens da Marvel tinham preocupações mais sérias: família, emprego, dificuldades financeiras, amigos que se convertem em inimigos com superpoderes, etc. E ainda havia coerência não só de uma história a outra como entre os contos de super-heróis diferentes.
A DC soube reagir. Lançaram então a revista do Superman com Batman. Dois paladinos da justiça que resolveram juntar suas forças numa revista que, na época, levou os fãs à loucura. Isso foi nos finais dos anos sessenta ou início dos anos setenta. Aqui, no Brasil, foi um lançamento da Editora Brasil-América Ltda. (Ebal), hoje inativa. Foi das raras revistas de super-heróis coloridas na época.
Porém, se pródiga em lançamentos, a DC perdeu a maneira de dar continuidades, enquanto a Marvel só crescia. As histórias da Liga da Justiça, por exemplo, se tornaram repetitivas e não estavam levando a si mesmo a sério.
Apelaram com “Crise nas Infinitas Terras”. Mais tarde, contrataram John Byrne e Frank Miller, ambos autores de sucesso na Marvel, para assumirem respectivamente Superman e Batman, e deu certo! Mas, depois, deixaram escapar. Apelaram de novo! Mataram Superman e, depois, o ressuscitaram. Aleijaram Batman, mataram Robin, Batman trocou de ajudante… E, por aí, foi. Apelavam, faziam sucesso e depois voltavam a fazer histórias pouco atrativas. Enfim, hoje não vendem tanto como antes, com exceção das Graphic Novels que são caras a ponto de permitir o público fiel mantê-las.
O Grupo foi adquirido pela Warner Brothers e continuou com a mesma mania. Na verdade, mesmo antes da afiliação, a DC nunca se posicionou quanto à mantença da qualidade dos filmes dos seus personagens. Os dois primeiros filmes do Homem de Aço, na direção de Richard Donner, foram primorosos. O resto, mesmo os da nova safra, com atuação de bons atores nos elencos de apoio, foram lixos lamentáveis.
O mesmo ocorreu com Batman. Depois de alguns seriados interessantes, Tim Burton fez um Batman decisivo. Soturno, calculista, metódico e solitário, foi um personagem com vários atrativos românticos vivendo num claustrofóbico clima gótico e com um elenco de dar inveja a qualquer diretor. Pode se considerar os dois primeiros Batman clássicos do cinema. Depois, o caldo entornou. Nem George Clooney, nem Val Kilmer salvaram os filmes. Muito menos o elenco de apoio tirou Joel Schumacher dos dois fracassos.
Batman retornou triunfantemente com a trilogia maravilhosa “O Cavaleiro das Trevas” de Christopher Nolan. Foram três filmes muito bons, à altura dos méritos do Homem Morcego.
E, acabou. Por mais que goste de Zack Snyder em “Batman versus Superman: A Origem da Justiça”, e mesmo sendo fã de Ben Affleck, o roteiro de Chris Terrio e David S. Goyer foi pavoroso! Não que o Batman tivesse sido mal interpretado, mas foi exageradamente inverossímil: ele, um bilionário como outro qualquer (bom, deve ser: nunca vi um!), malha, constrói artefatos de alta tecnologia e atua contra o crime e ainda tem uma vida social, com apoio somente de Alfred. O caso é que ele, se fosse um super-herói, esse trabalho contra o tempo seria aceitável, mas ele é, como disse, somente um bilionário!
O britânico Henry Cavill deve saber voar para fazer o papel de Superman. Se ele não voa, eis um mistério: qual é o seu talento para esse papel? Apesar das suas boas ações pessoais, o que particularmente admiro, não é bom ator.
Gal Gadot é a Mulher Maravilha – uma maravilha de mulher. Ela é realmente bonita e foi até Miss Israel mas ainda lhe falta demonstrar talento. Já trabalhou na série “Velozes e Furiosos” e está escalada para os filmes no papel da super-heroína. Vamos esperar para ver como se sai nas futuras atuações.
Tem ainda Jeremy Irons, sempre sendo um ator de destaque num papel simplesmente pequeno demais para ele – um desperdício de talento —, Amy Adams fazendo o trabalho dela sem muitos destaques, uma surpreendente Holly Hunter e outra, esbanjando competência, Diane Lane – atrizes que estavam deixando saudades, mais um carismático Laurence Fishburne, Kevin Costner numa ponta, e um ator que, simplesmente, rouba o filme inteiro, tanto como personagem como na atuação gigantesca, que fez com que o filme inteiro fosse ele: Jesse Eisenberg. Magnífica atuação!
Não entremos em detalhes sobre a trama, mas não esperem muito do filme como história. Ele começa nas lembranças da infância de Batman – todos os filmes de Batman começam assim – e depois vêm explosões, pancadaria, mais explosões e mais pancadaria, um pouquinho de trama improvável para parecer que o filme é inteligente e, para deleite de quem gosta, mais explosões e pancadaria.
Bom… Vamos ver se a continuação desse filme fica à altura de “Os Vingadores” da Marvel. O começo, pelo menos, deixou muito a desejar!
Fontes de pesquisa: Wikipedia
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