O curta "A moça que dançou com o diabo" ganhou menção especial, e o documentário "Cinema novo" recebeu o prêmio Olho de ouro e foi escolhido para a mostra Cannes Classic
Mesmo sem levar o principal prêmio do 69º Festival de Cannes deste ano, o cinema nacional tem muito o que comemorar. Na disputa pela Palma de Ouro entre os longas-metragens, "Aquarius", de Kleber Mendonça Filho, não ganhou, mas recebeu críticas positivas da imprensa especializada internacional.
Para o jornal britânico The Guardian, o filme é uma "rica e misteriosa história brasileira sobre desintegração social". O português Público definiu o longa como “um filme sensualíssimo, sereno e sinistro sobre a memória ameaçada”. Já para a revista especializada Variety, “Aquarius é um estudo de personagem, bem como uma meditação perspicaz sobre a transitoriedade desnecessária de um local e como o espaço físico define nossa identidade”. A Palma de Ouro ficou com o drama britânico "I, Daniel Blake", de Ken Loach.
Contudo, em outras categorias, o cinema brasileiro foi premiado. Na competição oficial de curtas-metragens, "A moça que dançou com o diabo", de João Paulo Miranda Maria, ganhou menção especial do júri oficial. Na véspera, o documentário "Cinema novo", de Eryk Rocha, exibido na mostra Cannes Classics, recebeu o prêmio L'Oeil D'Or (Olho de ouro).
O filme traz cenas e depoimentos de nomes do Cinema Novo, como Cacá Diegues, Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade e Glauber Rocha, pai do diretor.
"No filme, vemos eclodir a poesia, a contundência e a lucidez do Cinema Novo em seu tempo. São planos e sequências dos filmes do cinema novo de muita força, delicadamente articulados às falas dos jovens realizadores, tudo marcado pela ânsia do futuro e do Brasil", afirmou o diretor-presidente da Ancine, Manoel Rangel.
O ótimo ano do Brasil em Cannes foi confirmado nesta semana com a divulgação de mais duas produções brasileiras selecionadas para o 69º Festival de Cannes, além da participação de um curta-metragem nacional na Quinzena dos Realizadores.
O novo longa de Eryk Rocha, “Cinema Novo”, foi selecionado para a Mostra Oficial Cannes Classics, seção voltada para filmes clássicos e que sejam patrimônio do cinema mundial em cópias restauradas, além de filmes que homenageiam o cinema. “Cinema Novo” é um filme-ensaio que investiga o principal movimento cinematográfico latino-americano, que dá nome ao documentário, por meio do pensamento dos seus principais autores: Nelson Pereira do Santos, Glauber Rocha, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Cacá Diegues, Walter Lima Jr, Paulo César Saraceni, dentre outros.
O diretor Eryk Rocha (“Transeunte”) comemora a seleção: "Em 2004, apresentei o curta 'Quimera', que participou da Competição Oficial. É uma grande alegria voltar a Cannes 12 anos depois. Acredito que esse é um momento pertinente para o nascimento desse filme, que traz a força, a poesia e a política desse movimento que fecundou e inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil. Uma geração que imaginou o cinema inserido num projeto maior de País.”
“Cinema Novo” concorre ainda ao prêmio L´Oeil D´or (Olho de Ouro), que será entregue ao melhor documentário do Festival de Cannes, escolhido a partir de todos os documentários selecionados em todas as mostras, oficiais e paralelas.
Já o curta-metragem brasileiro "O delírio é a redenção dos aflitos", do diretor Fellipe Fernandes, foi anunciado para a mostra competitiva da Semana da Crítica. A produção brasileira é a única presença latino americana na mostra e disputa a Semana da Crítica ao lado de outros nove curtas-metragens. Estrelado por Nash Laila (“Tatuagem”; “Amor, Plástico e Barulho”), o curta de estreia de Fernandes conta a história de Raquel, moradora de um prédio-caixão que é condenado por risco de desabamento. Última residente a permanecer no edifício, ela precisa se mudar o quanto antes para garantir a segurança de sua família.
A Quinzena dos Realizadores, mais importante mostra paralela ao Festival de Cannes, também divulgou a seleção oficial de sua 48ª edição. O Brasil será representado pelo curta "Abigail", de Isabel Penoni e Valentina Homem. A Quinzena e o Festival de Cannes acontecem entre os dias 11 e 22 de maio.
Os três títulos nacionais engrossam a lista dos brasileiros na Croisette. Anunciados na semana passada, o longa, "Aquarius", do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, e o curta “A moça que dançou com o diabo”, de João Paulo Miranda Maria, concorrem à Palma de Ouro, na Mostra Oficial do festival francês.
Fonte: Portal Brasil, com informações da Agência Nacional de Cinema