Por: Leonilzo Duarte Silva
Agora até diminuiu, mas, algum tempo atrás, era lugar comum essa conversa de que o hábito exagerado de comunicar-se através das redes sociais ia distanciar as pessoas. Mas, felizmente, o que vemos é o contrário.
Recentemente um amigo comentou comigo, feliz da vida, que o pai dele, praticamente inaugurando o seu WhatsApp, passou-lhe uma mensagem sugerindo almoçarem juntos no domingo e despediu-se escrevendo Te amo, meu filho! Isso ficou gravado no celular e no coração do filho com tanta força, que serviu como compensação ao fato de que ele, o pai, não falaria isso em contato direto, presencial. Por timidez ou falta de costume.
No ambiente virtual, as pessoas ficam mais à vontade para manifestarem carinho: Lembrou-se de um amigo? Acessa o Facebook, procura por ele e manda uma mensagem de que está com saudade; relembra os velhos e bons tempos, passam a conversar via teclado, mandam fotos da família, do cachorro, do gato, da casa; e, algumas vezes, acabam marcando para encontrarem-se. O que teria pouca chance de acontecer em condições normais.
O ser humano não é produto do meio. Ele é o meio. As pessoas veem/leem pela manhã um Bom Dia decorado com flores e pássaros. Automaticamente, animam-se em retribuir. E assim vai um Boa Tarde, meu tio! Boa Noite, minha tia! Tô com saudade!
No Facebook, aparece a foto da vovó caquética, mas chove Ai que fofa! ...A vó mais linda do mundo! ...Alguém mais ranzinza poderia alegar falsidade, mas não é. É pura reação positiva ao gesto carinhoso de quem postou a foto, com clara intenção de homenagem.
Ninguém mais se esquece do aniversário dos amigos, nem dos conhecidos. E, nas redes sociais, todos têm a classificação de Amigos. As pessoas combinam de irem a eventos, que efetivamente vão. Combinam ir à rua para protestar, para namorar, para passear. Quantos parentes já se reencontraram!? A mãe chora um pouco menos vendo a neve caindo sobre o seu filho sorridente no intercâmbio. E muitas outras histórias.
Claro que temos os excessos. Comida não é nada fotogênica. Ostentação revela superficialidade. Descarregar todo o conteúdo de fotos, de uma vez, é alugar paciência e espaço no aparelho dos outros. Tentar converter a todos ao seu credo e cor política é, no mínimo, chato. E outros mais. Sem contar que estão “matando” o português.
Mas os defeitos do mundo virtual estão na mesma proporção do mundo real. Portanto, no final das contas, saímos ganhando com o conteúdo recreativo, educativo, engraçado, emocionante, e muita coisa espetacular e surpreendente que só é possível em uma mídia tão rápida, aberta e livre, como a que os computadores e aparelhinhos nos oferecem!