Por Erlon José Paschoal*
Dias atrás vi uma foto de um soldado americano armado dos pés à cabeça comemorando a morte de alguns “insurgentes” iraquianos, supostos terroristas do Estado Islâmico. Via-se em suas feições e em seu sorriso caricatural, em meio a todos os instrumentos sofisticados que compunham a sua armadura, a imagem da barbárie de nossa época. Afinal, quem são os mais “primitivos”, pensei, os iraquianos, afegãos, islâmicos assassinados com seus trajes imutáveis ou os carrascos high-tech que celebram a morte?
Os norte-americanos, com suas bilionárias máquinas de destruição em massa, aproveitaram a longa invasão do Iraque e do Afeganistão para testarem novas armas assustadoras e de enorme poder exterminador do passado e do presente, além de exercitarem insólitas técnicas de tortura, hoje enaltecidas e “aprovadas com louvor” pela besta loura, em suas declarações insanas e selvagens.
Acompanhamos, na mídia unilateral da informação, que os senhores da guerra têm tido êxito nessas intervenções, não só no consequente número indiscriminado de mortes, mas sobretudo na usurpação das riquezas alheias, no aumento da taxa do próprio crescimento econômico resultante da expansão do mercado da indústria bélica e no controle aterrorizante do preço do petróleo.
Depois de quase uma década e meia de invasão, mais de um milhão de iraquianos assassinados, outros tantos milhares de afegãos e sírios e da ampliação geométrica da quantidade dos sem-teto, dos sem-trabalho, dos mutilados, dos párias, dos sem-governo e dos refugiados, eles ainda têm fôlego para ameaçar o restante da humanidade com seu poder de aniquilação econômica e militar. Querem impor a Síria, a Coréia do Norte, a Cuba e a Venezuela, ao Iraque e ao Afeganistão, entre outros, exigências arbitrárias que absolutamente não levam em consideração a história ou as tradições de cada país. Criaram um campo de tortura hediondo em território invadido em Cuba, e ainda vociferam que os cubanos “não respeitam os direitos humanos". Com a consequente desqualificação dos organismos internacionais incumbidos de arbitrar conflitos não há quem erga a voz para apelar ao bom senso e defender os direitos de todos os povos que querem seguir o seu próprio caminho sem a ingerência dos megalomaníacos do Pentágono. A morte, o extermínio, a eliminação pura e simples dos supostos inimigos passaram a ser, ao que parece, as principais diretrizes da besta loura e dos atuais dirigentes daquele país continental.
O atentado cometido contra os direitos civis e humanos mais elementares, mostrado a todo momento pela mídia internacional em fotos que misturam sadismo, horror, prazer macabro, indiferença e desprezo pela vida do outro, faz-nos lembrar imediatamente das técnicas nazistas de humilhação e aniquilação aplicadas num passado recente. O baluarte da liberdade e da democracia tiraniza agora na linha de frente iraquianos, afegãos, cubanos, palestinos, sírios, muçulmanos e simpatizantes numa demonstração de barbárie sofisticada e de arrogante desrespeito pelo "resto do mundo".
Que a igualdade, a liberdade e a fraternidade prevaleçam naquele belo país, depois das eleições que surpreenderam o mundo ao escolherem um insano patético e egoísta com alma de assassino. Com discursos sempre agressivos, desrespeitosos e repletos de bravatas, o biltre fashion bilionário ameaça, aterroriza e intimida a tudo e a todos. Um fascista obsessivo que não consegue enxergar de modo algum que conviver com as diferenças e a diversidade é um dos maiores desafios e fascínios da existência humana.
Que a justiça e a solidariedade sejam cultivadas pela maioria neste momento de turbulências fascistas que assolam o mundo civilizado!
* Gestor cultural, Diretor de Teatro, escritor e tradutor de alemão.