Logística é uma das novas palavras da
moda. Tão na moda que raramente está desacompanhada: é logística disso,
logística daquilo... logística de alguma coisa! Do que se trata?
Muitas vezes verbaliza-se logística para se referir, apenas, a um serviço de transporte. Pior: talvez nem isso! Somente a uma infraestrutura de transporte. E, pior ainda: talvez nem passe de uma infraestrutura viária: consciente ou inconscientemente, um reducionismo, verbal e, principalmente, conceitual.
Logística envolve um grande leque de fatores influentes
Claro que infraestrutura viária é parte da de transporte. Esta dos serviços de transportes e estes da logística. Mas logística é mais; muito mais! Daí porque qualquer especificação (como, p.ex. “logística de transportes”) ou é pleonástica ou a limita.
Ela envolve um leque de “hardwares”, de infraestruturas, como de armazenagem. Também um campo caracterizável como de “software” da logística. Nele se incluem, p.ex., serviços associados, como consolidação de cargas, estufagem de contêineres e segurança (humana e patrimonial); esta cada vez mais relevante no Brasil.
Logística também envolve a distribuição e organização espacial das cargas, particularmente no espaço urbano; a articulação intermodal (física, operacional e institucional); e tecnologia da informação – TI (“infoestrutura”). Quando a informação flui melhor, muitas vezes a carga pode se deslocar menos e melhor.
Alfândega, inspeção sanitária e sistema tributário também condicionam a fluidez, previsibilidade e custos da logística. P.ex: sobre-impedâncias alfandegárias e incentivos tributários podem fazer uma carga circular centenas de quilômetros adicionais ou usar um modo de transporte menos eficiente... aumentando tempo, custos, consumo de combustível, emissões, etc. etc.
Ao revés: eliminação de gargalos e eficientização em “software” ou de “infoestrutura” podem gerar ganhos logísticos e/ou economizar rios de dinheiro na implantação de novas infraestruturas. P.ex: por quantos anos a expansão do Sistema Anchieta-Imigrantes poderia ser postergada se as cargas do Porto de Santos pudessem ser liberadas/despachadas 24 horas/dia, 7 dias/semana?
Daí porque uma precisa conceituação não é preciosismo semântico; nem mero exercício acadêmico!
*Engenheiro Eletricista e Economista, Pós-graduado em Engenharia, Administração de Emprsas, Direito da Concorrência e Mediação e Arbitragem.
** Publicado também em Folha Diária
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