Por: Alex Breder
Retornando de um período de descanso, após um ano de instabilidades em vários setores da vida
em geral neste nosso Brasil, fiquei a pensar no hábito de degustar vinhos, diante da
impossibilidade de um câmbio a mais de R$ 4,00 e de uma taxação tão elevada como a que temos
sobre itens como o apaixonante fermentado de uva...
Degustar vinhos tornou-se hoje em dia um “esporte caro”, como ouvi um dia desses. E quando temos algo assim, algo que demanda valores cada vez maiores para manter o gosto apurado que vamos obtendo a cada experiência, temos que pensar bem onde vamos “investir” nossos cobres. O “mito” do bom e barato torna-se o “Santo Graal” da hora!
Pensando nisso, começamos hoje uma série de sugestões de vinhos chamados “honestos”, que nos permitem remar contra a maré de uma economia “destrambelhada”, sem contudo abrir mão do sabor e da experiência! Abordaremos também uma cepa (tipo de uva) por coluna, para que o amigo leitor possa firmar seu gosto em boas informações e estar também aberto a novas experiências enófilas.
Produzido em Santa Catarina, o espumante Santa Augusta Demi-SecRosé é um excelente exemplo do alto nível de produção da indústria vitivinícola brasileira atual. Corte de Cabernet Sauvignon (45%), Merlot (20%), Malbec (20%), Montepulciano (12,5%) e Cabernet Franc (2,5%), esse espumante tem um aroma delicado de morango e acidez muito agradável. Sugestão impecável para queijos leves, frutas secas e patés suaves. E, vale a pena lembrar, foi o tempo em que espumante (erroneamente chamado por alguns de “champagne”, já que só podem ser assim denominados os produzidos na região francesa de Champagne) era bebida apenas para comemorações especiais e recepções. O mercado brasileiro já passou dessa fase tem tempo!
A primeira cepa que vamos abordar nesta série de artigos é a PinotNoir. Uma uva considerada de difícil cultivo, a PinotNoir produz vinhos elegantes, suculentos, sem taninos notáveis, de corpo leve e cor mais pálida. Os aromas serão bem sutis, como frutas frescas, ameixas ou até tons florais. É uva essencial na produção dos grandes espumantes, como os de Champagne, e deve sua fama, principalmente, a rótulos famosos como o Romanée-Conti, da região de Vosne-Romanée, Côte de Nuits, na França.
Embora a tradição da PinotNoir esteja sem dúvida alguma ligada à França, bons resultados têm sido obtidos nos Estados Unidos, com varietais mais concentrados do que a tendência da região francesa da Borgonha, e também mais frutados. Outros produtores incluem a Nova Zelândia, cujos exemplares estão entre os que mais se assemelham aos da Borgonha, o Chile e a Argentina.
A sugestão que trago hoje com a PinotNoir é o californiano TurningLeaf, um “honesto” de preço bem acessível, mas muito saboroso! Aroma facilmente identificável de frutas vermelhas, com toque de ameixa e passas. Vinho leve e macio, esse Demi-Sec apresenta uma doçura muito agradável em boca. Harmoniza muito bem com massas com molho leve (4 queijos, pomodoro, branco) e deve ser servido, na minha opinião, um pouco mais frio do que um tinto normalmente pediria. Facilmente encontrado na Grande Vitória, vale a pena conhecê-lo, principalmente em tempos de bolso controlado, mas “sede” nem tanto assim!
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