Adolfo Breder
Bambo é como me sinto. Olhando para os empertigados engravatados de plantão e suas certezas cartesianas. X + Y=Z ou T + M = L, se quiserem uma literal exatidão liberal.
Todos estavam na plateia aplaudindo e vaiando o tempo todo, de acordo com seus estados de espírito da ocasião. O que eu particularmente critiquei dos governos anteriores é estarem bambos: com a cabeça ditando receitas de fundo social e as pernas trilhando caminhos da cartilha liberal. Cambalearam em fila indiana apalpados entre tapas e beijos, engradados nos agrados distribuídos a torto e à direita.
Confusas estão as mentes com os discursos desgastados e hipóteses que não se sustentaram em outros experimentos repassados. Nos bancos centrais da academia novas fórmulas envelhecidas tornam-se foco das atenções. Circunspectos e graves vozeirões atendem uns que necessitam de lucros ascendentes e intimidam outros cujo lucro é ter suas ascendentes necessidades atendidas.
É tempo de plateia participativa e autoral. O enredo está frouxo ou grávido de gêmeas opções. Muitos desfechos são possíveis. Cada mínima escolha determina a direção do caminho a caminhar.
Estou bambo, mas com a troca consoante de uma vogal vou acompanhando as notícias e insistindo no sonho da Pátria Gentil para todos: sou bambu. Flexível ao sabor do açoite dos ventos outonais. Firme nos princípios, crenças e valores. Torto, mas inteiro.
Foto: do autor – grafite numa rua do Rio de Janeiro.
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