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15 JUN. 2016

País do “Centrão”, Terra de Macunaíma


Aylê-Salassié F. Quintão*

     
             
 A tendência do atual Congresso  é pelo “centrão”. Na Câmara são 218 deputados filiados a 14 partidos. Não, “centrão” não !... Então o quê: extrema direita ou esquerda revolucionária?  Os dois não se somam. São tão radicalmente conservadores  que torna impossível  serem reunidos e muito menos  divididos. Ambos são ativos na política, porém, se observados com atenção, verifica-se que, cada um, tem  menos de 10% do eleitorado brasileiro. Mesmo assim, insistem, de alguma forma, na tomada do Poder. Existem precedentes na História.
 
               No Brasil, a configuração estratégica de ambos aproxima-se do que Raimundo Faoro chamou de patrimonialismo na política brasileira. A direita tenta se apropriar dos bens materiais, e  a esquerda do livre pensar, para, teoricamente, promover a sua redistribuição. As duas linhas programáticas  digladiam-se no Congresso e fora dele, enquanto  aumentam as angústias da população. Incapazes de dar para ela uma resposta razoável, os dirigentes desses partidos tem receio apenas das manifestações disformes de milhões pelas ruas das grandes cidades brasileiras. Daí a tendência histórica favorecer os políticos do “centrão” que, sob o manto da realidade, dissolve propostas agressivas e ideologias  explícitas, por meio de difusos compromissos com a governabilidade.
 
              O “centrão” tem, contudo, a cara do MDB, do tempo do bipartidarismo (Arena e MDB). A Arena reunia conservadores e reacionários coronéis representantes do latifúndio,  empresários relativamente progressistas e alguns segmentos religiosos.  Muito da sua inspiração vinha dos ideais da República Velha e das reflexões de Plínio Salgado (Integralismo), de Gustavo Corção e de Plínio Correia de Oliveira (Defesa da Família e da Propriedade). Era a base de sustentação política do que ficou conhecido como a Ditadura Militar, de inspiração positivista, da “Ordem (com segurança) e Progresso”.    Já o MDB reunia  o PTB  ressentido  por ter sido apeado do Governo,  uma facção da classe média, parcela do PSD próximo do velho getulismo, alguns partidos cristãos socialistas e  a esquerda desarticulada pelos militares.
        
               Ao longo dos 24 anos de governos militares, Arena e MDB tornaram-se dois partidos vistos pelo senso comum como de direita e de esquerda. O PMDB pregava a democracia  e combatia a ditadura. Mas  sua linha de ação não incluía o pensamento da esquerda revolucionária, aninhada no coração da agremiação - até para se proteger -  e que se destacou como o grupo dos “autênticos”, que atuava sorrateiro, distinguindo-se pela retórica e por  métodos mais incisivos.  Arena e MDB eram, no fundo, um “centrão” com arestas aparadas, cujas práticas convergiam para um locus  aglutinador, representado, entre outros, por Ulysses Guimarães, Josafá Marinho, Saturnino Braga. Com o retorno ao multipartidarismo, os autênticos” debandaram,  pulverizando-se em uma dezena de pequenas agremiações, expondo a confusão que faziam no interior do Partido.
                     
            O MDB  defensor da Democracia flutuou sempre ao sabor dos interesses convergentes, alguns não confessos. Da mesma forma, o “centrão” se oferece ao diálogo e não compactua com a  violência revolucionária. Os problemas e soluções estruturais  levantados pela esquerda são quase sempre irritantemente absorvidos dentro do “centrão”, que os distorcem, gerando  enfrentamentos inócuos, mas que dão sobrevida a cada um. Pratica enganosamente um “lirismo pouco comportado”  , com alternativas moderadas para os problemas nacionais. Tudo é sempre paliativo, reformista, e negociado, expressões de um Brasil  “macunaímico” . E assim, o “centrão” herdeiro legítimo do MDB, manda, como sempre mandou, seja no campo da economia ou da política.  Para ter visibilidade, os demais  precisam dele. Daí algumas alianças, nenhuma confiável, a exemplo de Sérgio Machado.
         
           Deste cenário,  alimentado por “ódios cíclicos”, de característica mais patrimonialista que revolucionária,  emergem as frágeis instituições brasileiras,  as sistemáticas constituições cheias de emendas, as leis e centenas de interpretações jurisprudenciais.  Juntando tudo, tem-se uma prática capenga, populista, políticas públicas  discricionariamente fragmentadas  e o patrimônio nacional apropriado por meia dúzia de ideólogos e oligarcas. O judiciário está cheio disso.  Tudo tem aparência familiar. Só não o é mais porque as classes médias, que cresceram enormemente a partir de Getúlio  para cá, querem também o seu naco daquele bolo que o ex-ministro Delfim Neto anunciava.  Ilusão, ilusões...No fundo, o brasileiro tem filiação histórica é no “centrão”,  que dificulta reformas estruturais, pereniza  uma identidade nacional frágil  e uma imagem externa caricata.   

 *Jornalista e professor. Doutor em História Cultural

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