Adolfo Breder
A temperatura amena convida para uma lânguida caminhada. Por aí. Sem destino. Algumas ruas enfeitam-se para festas juninas, vários idiomas expressam sua admiração pela cidade. As calçadas são a melhor opção para a sobrevivência de centenas de homens, mulheres e crianças, entre os quais passeamos distraidamente. São tantas pessoas vivendo assim, que para muitos fazem parte do cenário, são a-pe-nas pano de fundo da nossa trama urbana.
Quem é o responsável por tanta miséria? Quem é o responsável pela crise? Quem foi pego pela Lava Jato? Quem votou a favor? Quem caiu de maduro?
A estratégia dos maquinistas de plantão é óbvia: OVERDOSE! Overdose de informações! Todo dia uma penca de engravatados é incluída nos times de corruptos ou corruptores. Já perdi a conta. E você também. Desmandos nas obras públicas, na saúde, na educação, nos jatinhos, no petróleo – tudo com comissão!
A cada dia noticiam uma nova delação premiada! Para uns, penas mais leves – quase nada. Para outros, listinhas de acusações, um pouco de sombra - palavras, sem provas. Os pizzaiolos acendem os fornos para assar nossa paciência. Servem suas pizzas num rodízio feérico. Deixam-nos zonzos, enjoados, levados a olhar para os outros lados – menos para as fatias em profusão.
A nossa mais grave crise é ética. A mãe de todas. Será que o Supremo vai anular a prisão de condenados em segunda instância? Se isso acontecer, aí é que não teremos justiça feita para os larápios eleitos, nomeados ou capitalizados. As histórias vão cair no esquecimento. Não vejo outra intenção além quererem nos vencer pelo cansaço.
Temos que estar atentos. Não desviar o olhar, como esperam. Abaixo das escandalosas manchetes hipnóticas, podem passar importantes decisões que salvaguardam poucos e prejudicam a esmagadora maioria. Depois não adianta perguntar quem foi o responsável. Talvez a gente ouça – como na música do Caymmi: “Não fui eu, não fui eu. Não fui eu nem ninguém”!
Foto: do autor – Av. Rio Branco – Rio de Janeiro.
Não há comentários postados até o momento. Seja o primeiro!