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01 JUL. 2016

Nossos Tempos Pós-modernos

 


Por: Erlon José Paschoal

    
Outro dia alguém me perguntou como entender esses nossos tempos pós-modernos em toda a sua complexidade, aceleração e virtualidade, considerando, ao mesmo tempo, os sonhos, as relações humanas e as utopias. Não pretendo aqui dar uma definição do pós-moderno, uma vez que se trata de um conceito fluido e multifacetado, e muitas vezes controverso, mas tão somente relembrar alguns aspectos importantes nesse contexto. De qualquer modo, falar do pós-moderno, antes de mais nada, é falar do presente ininterrupto, em contraposição a um passado próximo, de poucas décadas atrás.    

        Um de seus traços mais evidentes é a fragmentação das linhas de orientação de nossa existência tão caras aos tempos modernos, e a dissolução de inúmeros conceitos: a razão esclarecedora, a história determinista, o Estado absoluto, a ciência a serviço da maioria, o sujeito coletivo e a massa coesa capaz de mudar a sociedade e fazer revoluções. Todas essas certezas, como sabemos, se esfacelaram após a queda do muro de Berlim e, sobretudo, das torres gêmeas.

          Vivemos hoje um presente contínuo, ao contrário dos tempos modernos nos quais se vislumbrava e se construía coletivamente o futuro. Em nossos tempos quase não se crê que seja possível aprender algo com o passado, tampouco se criam expectativas ou projetos em relação ao futuro. As fronteiras entre as várias disciplinas do saber, as práticas sociais, as identidades, as linguagens artísticas se dissolveram ou se tornaram tênues. Os conceitos de transversalidade, transdisciplinaridade, multiculturalismo, diversidade e interface orientam muitas de nossas ações e atividades. Mesmo as fronteiras bastante sólidas foram abaladas: entre masculino e feminino e entre realidade e ficção, por exemplo. Nesse aspecto, das inúmeras opções sexuais às variadas escolhas e avatares  há um leque amplo de gradações.

        Predomina, de qualquer modo, uma liberdade de combinar tudo com tudo, de aproximar conceitos muitas vezes excludentes. De um lado é algo positivo que nos remete ao anarquismo, à inovação e aos fundamentos da criação artística. Por outro lado, convivendo com esta riqueza de possibilidades, constata-se uma ausência de finalidades, de metas, de objetivos claros e definidos, e de conclusão.

             Acostumamo-nos com a flexibilidade, a impermanência, a fluidez e a ausência de garantias, sejam elas relativas às crenças, ao emprego ou à organização social. Quanto mais risco, mais variação. Quanto mais garantias, mais estabilidade. O poder perdeu a sua centralidade. Para muitos a ausência de verdades absolutas significa também o fim dos totalitarismos, embora alguns apontem formas mais sofisticadas de controle em nossos dias. Segundo Chomsky, com a extrema vigilância que reina nos dias atuais, as formas de controles se tornaram sutis e eficazes.  Basta lembrarmo-nos do estado de exceção permanente em que vivem vários países a pretexto de combaterem o terrorismo. E também a atração que exercem inúmeras práticas grupais e comportamentos fascistas.
        Não temos mais um discurso universal, pois seria algo dispensável na pluralidade de centros em que vivemos, pois não necessitamos mais de verdades permanentes. Tomemos, por exemplo, duas áreas fundamentais da vida humana que foram bastante flexibilizadas, tornando-se completamente fluidas: o amor e a profissão. Ambas deixaram de ser uma eleição única, para toda a vida. Perderam a característica de obrigação e escravidão e ganharam em ludicidade e não seriedade. A cara metade para toda a vida tornou-se um “ficar” que pode ser rompido a qualquer momento. O conceito de vocação, relativo à esfera do trabalho, foi substituído pelas experimentações, enquanto a auto-realização vinculada à escolha de uma profissão deu lugar à busca do reconhecimento social e muitas vezes do êxito fácil e imediato, que leva a um desapego do trabalho e a um desprezo pelo durável e pelo permanente. Há sem dúvida uma valorização excessiva do sucesso rápido em detrimento da experiência e do aprofundamento.

    Como se orientar então em meio a estas infinitas e renovadas possibilidades? Discernir, avaliar, separar e escolher impõem-se, portanto, como exigências básicas de nossa época, uma tarefa cotidiana e contínua. Como não é possível suportar apenas o presente absoluto, como ficam os sonhos individuais e os coletivos? Surgirão daí novas utopias? Vamos viver para ver.....

*Gestor cultural, Diretor de Teatro, escritor e tradutor de alemão.


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COMENTÁRIOS

  • Postado por: Roberto Al Barros
    15 JUL. 2016 às 09:51

    Muito pertinente sua análise. A meu ver, estamos mesmo no cerne do que podemos considerar como essência do ser humano - somente capaz de se tornar realidade justamente no multiculturalismo e na diversidade que a sociedade planetária conquistou com a queda do Muro de Berlin. Apesar das permanências: desigualdade social e injustiças. Mas caberia aqui um parêntese, já que nossa maior invenção politica, o Estado, comporta muitas nuances. O Estado de Bem-Estar Social - do qual tão pouco se fala hoje - e que compreende-se como um Estado de Direito Pleno, neste cenário retira um pouco da instabilidade social permitindo certa \"segurança\" no viver com liberdade num mundo supostamente vigiado. Desse modo, o trauma político do mundo moderno (Guerra Fria e guerras quentes) foi substituído pelo social inverso, transverso - que, entretanto, se formos considerar o que disse no início, faz parte da sociedade como sempre deveria ter sido: a pluralidade como elemento formador de fundo do plano social.
  • Postado por: Aylê-Salassié F. Quintão
    04 JUL. 2016 às 16:59

    Muito oportunas suas considerações. O mundo está diante desse hiato, e fica na expectativa de que um conceito desses possa dar encaminhamentos a soluções. A pós-modernidade é impermanente e fluida, desconstrói tudo em que cremos, e não gera soluções: pelo menos até agora. Os modelos de convivência social e de gestão da economia construíram-se em cima de processos e de contradições. Houve somas e perdas. Mas a humanidade não consolidou nada. Continua buscando alternativas para superar a morte. Tudo parece , como diz Bauman, muito líquido. O homem precisa descobrir o seu lugar, seja individual ou coletivamente. As ideologias não deixam. Mirando um futuro incerto, cada uma enuncia uma verdade que nunca se confirma, confundindo ainda mais existência.
  • Postado por: Adolfo Alves
    04 JUL. 2016 às 16:07

    Conceitos corretos, realmente modernos. Mas acho que na base das indefinições está o que podemos chamar de SUPERCOMUNICAÇÃO. Nós somos bombardeados a toda hora com a comunicação de muito mais fatos do que nos dizem respeito e mais ainda do que podemos absorver, analisar.

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