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05 JUL. 2016

Vício dos Privilégios, Desprezo pelo Trabalho



Por: Aylê-Salassié F. Quintão*
 
            Com enorme alívio, surgem as primeiras notícias de que, aqui e ali, uma empresa ou outra está abrindo vagas para contratação de pessoal. São cerca de 47 mil vagas de trabalho em todo o País. A preocupação com o desemprego devia atravessar mesmo todas as propostas públicas e privadas, por ser um mal que desnorteia a população, humilha os cidadãos e desqualifica os governos. Um recém-formado vê morrer as ilusões, um chefe de família entra em pânico,  a miséria se espalha e a depressão revela faces desconhecidas.
 
            Em Rio Claro (SP), o proprietário de uma antiga fábrica de sofá, com queda de 80% nas vendas, chamou os 233 funcionários, e propôs-lhes uma redução na jornada de trabalho. O sindicato entrou no circuito, e recusou a oferta.  Contra a parede, o homem demitiu todo mundo, e fechou o negócio. Logo se viu diante  do desespero e das dificuldades de sobrevivência  de cerca de  200 familiares desses trabalhadores. Entrou em depressão, recolheu-se ao interior da fábrica, e amanheceu pendurado pelo pescoço numa corda.
 
          Na França, que também passa por uma crise do emprego, a ex-executiva de uma loja de departamentos, tinha vergonha de sair com os amigos porque era uma desempregada.  Mesmo morando com os pais, todos os dias o jovem colocava a roupa de trabalho, pegava a pasta, e saia para as ruas, tentando esconder o desemprego. Já distribuíra currículo para todo lado. Foi enlouquecendo aos poucos.
 
           Às 19 horas aproximadamente, voltava do trabalho,  descendo a rua Charing Cross, em Londres, quando em frente  da igreja de St. Martin um senhor alto, dos seus 40 a 45 anos, bem vestido, pediu  para falar comigo. “Sim, fale”, respondi. Ele pegou no meu braço, e me conduziu para dentro da Igreja. Ao chegar, dirigiu-se a um canto, e disse: “Desculpe, sou um desempregado.  Estou na rua desde cedo procurando trabalho. Não comi nada até agora. O Sr. poderia me dar uma ajuda?”. Tirei cinco  pounds ( R$ 25,00), e  entreguei para ele. Ele recebeu o dinheiro, e com as mãos juntas ao peito virou-se para a imagem do santo na parede para agradecer. Em seguida, voltou-se para mim, e  me abraçou chorando.
 
            Milhões de empregos haviam sido destruídos pela política neoliberal de  Margareth Tratcher que, diariamente, fechava empresas, e colocava na rua milhares de trabalhadores. Grande número deles eram servidores de empresas públicas privatizadas. Só foram descobrir que estavam desempregados tempos depois, quando acabaram as indenizações e as remunerações temporárias. Aí cada um começou a  viver as angústias pessoais, que afloravam na medida em que não conseguia mais  proporcionar a própria subsistência e a dos familiares.
          
          Esses relatos, no bojo das paralisações, dos protestos, e das reivindicações por direitos,  passam, por oposição, a idéia de que, induzido à militância ideológica sistemática por profissionais da política,  o brasileiro deixou de ver importância no emprego e,  consequentemente,  a desprezar o trabalho, para incorporar estratégias de luta por  direitos, privilégios e ... mordomias. E assim surgiram sindicatos transvestidos de associações dentro do próprio serviço público: no Itamaraty, na polícia,  no fisco, e até entre juízes. O patrão é o povo . Defendem dezenas de privilégios  que outros trabalhadores não têm: uma covardia.               
               
          Sindicatos existem, de fato, para mediar as divergências entre o patrão e o empregado, entre o capital e o trabalho, cuja união mantém a economia funcionando e o emprego pleno. Sindicalista não é uma profissão, muito menos no serviço público. Devia ser uma atividade voluntária, proibida para funções de Estado. Mas transformou-se não apenas numa atividade remunerada, e ganhou um caráter essencialmente político, inclusive dentro do coração do Estado. Algum tempo mais e, se não voltarmos à selvageria do capitalismo liberal,  seremos um Estado corporativista, assim como os italianos dos tempos mussolinistas.. Faltam criatividade.
 
                 Se  serve de ilustração para um e outro, porque não fazer  como  os empresários da cidade de Gotemburgo, na Suécia. Num esforço para manter os negócios e , concomitantemente,  na esperança de conter o desemprego,  um grupo deles estabeleceu um acordo com os trabalhadores, com duração de um ano,  destinado  a reduzir a jornada de trabalho, de 8 para 6 horas, sem alterar os direitos trabalhistas. Fechado o entendimento, todos se empenharam em manter as indústrias em funcionamento e potencializaram a sua produtividade. Vestiram a camisa, mesmo sob o peso do fantasma do fechamento das empresas e dos empregos.
              
             A produtividade superou àquela conquistada nas oito horas de trabalho. Um ano foi o suficiente para que cada um refletisse sobre o privilégio de ter um trabalho e a importância de  dar sua contribuição orgânica. Até os sindicatos sentiram-se inibidos para conduzir um debate sobre a exploração da mais valia. Assim como o trabalhador faz parte de uma empresa, a empresa é também parte da vida dele e, quiçá, da sua família.
 
*Jornalista e professor. Doutor em História Cultural  

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COMENTÁRIOS

  • Postado por: Ricardo Coelho dos Santos
    08 JUL. 2016 às 10:57

    Excelente posicionamento. Infelizmente, grande parte dos sindicatos são de representantes políticos junto aos trabalhadores, fazendo valer a voz dos seus partidos, preocupados mais em segurar seus candidatos na esfera do poder, quando deveria ser o contrário.

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