Por: Anaximandro Amorim
Nos anos 1990, Nova Iorque era uma cidade com altos índices de violência; Londres estava decadente. Ambas, no entanto, deram a volta por cima e, hoje, são exemplos de cidadania e desenvolvimento. Então, o que levou, respectivamente, o prefeito Rudolph Giuliani e o primeiro ministro Tony Blair a transformarem esses lugares? Simples: eles resolveram apostar na Cultura como negócio.
Não é de hoje que a Economia anda de mãos dadas com a Cultura. Ainda no Século XVIII, Adam Smith tentou entender como alguns atores ganhavam cachês mais altos que outros. No entanto, foi o economista John Howkins quem melhor entendeu o conceito de Economia Criativa, como sendo aquela que abrange toda uma área de bens e serviços criativos, ou seja, aqueles que envolvem criatividade e “capital simbólico”.
Pense, por exemplo, na indústria do cinema: se você assistir a um filme até o fim, vai ver que, depois do “cast”, aparece o nome de um monte de profissional envolvido (maquiadores, câmeras, editores...). Ora, para a realização de um filme, é necessária muita criatividade (roteiro, figurino...). O “simbólico” tem a ver com questões de identidade. Não foi à toa que uma das cláusulas do Plano Marshall foi a maciça exibição de filmes de Hollywood, que até hoje nos vendem o “sonho americano”.
Segundo estudos da Firjan de 2013, há, no Brasil, aproximadamente, 251 mil indústrias criativas, envolvendo 892,5 mil profissionais, que fazem parte de 2,6% do PIB nacional. Estima-se que esse mesmo PIB tenha crescido 69,8% de 2004 a 2013 contra 36,4% do Brasil no mesmo período. No ES, dados da Findes revelam que há em torno de 1.450 empresas criativas e mais de 13.400 profissionais.
Para relatório da Unctad de 2010 sobre o tema, são indústrias criativas aquelas envolvidas em negócios de edição, artes visuais, sites, culturas tradicionais, artes cênicas, audiovisuais, novas mídias, serviços criativos e design. O profissional criativo tem como característica a inventividade, a sensibilidade, a flexibilidade e mente aberta ao novo. Em contrapartida, é uma área que ainda amarga com muito amadorismo.
Fomentar e organizar essa indústria é, portanto, questão de necessidade. Cultura não é balcão de negócios, nem troca de favores, como pensa o senso-comum. Os exemplos de NY e Londres falam por si sós. Cidades como Vitória, vocacionadas para o comércio, têm muito a ganhar. Cultura pode dar dinheiro, sim! Não é pecado pensar em cultura como indústria. Pecado é desperdiçar oportunidades de desenvolvimento.
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