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12 JUL. 2016

Hora da Mudança


Por: Erlon José Paschoal

        Depois da recente comoção nacional, em virtude da exibição impiedosa da infâmia e da hipocrisia na transmissão direta domingueira de uma votação fraudulenta e vergonhosa no Congresso Nacional – um golpe com requintes de crueldade -, o país retornou às suas tragédias costumeiras, agravadas por um verdadeiro desmanche de setores estratégicos da economia. O muro que separa os que têm e os que não têm plano de saúde; o que podem e os que não podem pagar uma escola particular; os que possuem e os que não possuem um lugar próprio para morar; os que têm emprego e os que não têm emprego, e os que comem todos os dias e os que não comem todos os dias, recomeçou a crescer. Enquanto protagonista do apartheid social tupiniquim, sua função continua sendo separar e, sobretudo, excluir. Nossos dirigentes políticos interinos perderam todos os escrúpulos e o senso de ridículo. Predominam em suas atitudes a desfaçatez, a torpeza e o cinismo ostensivo, e obviamente não têm tempo para pensar nessas bagatelas, nesse nhenhenhém pessimista.

A mídia hegemônica tornou-se assumidamente um instrumento de desinformação e de deturpação e deformação dos fatos relevantes para implementar os avanços democráticos e o desenvolvimento do país. Para Miguel do Rosário "o poder de manipular, de produzir crises, de interferir na democracia, é o que a grande mídia brasileira mais preza, porque é através deste poder que ela consegue destruir qualquer adversário político ou concorrente comercial, e arrancar financiamentos e recursos publicitários do governo."

       O Judiciário, por sua vez, tem mostrado uma faceta até há pouco dissimulada e encoberta pelo manto da retidão e do bom comportamento. Que bom seria se todos tivessem demonstrado contra os incitadores do estupro e da tortura, os juízes ditadores e partidários, os usurpadores do governo, os bandidos golpistas, a impunidade e a corrupção endêmicas, as fraudes conjunturais, os bravateiros poderosos e a dinheirama na Suíça, o mesmo rigor, a mesma prepotência externada contra os que lutam por seus direitos, os sem-terra, os estudantes secundaristas, os esfomeados, os indígenas, os movimentos sociais organizados, os encarcerados e os sem-tudo. Obviamente, contra os primeiros resta quase sempre o silêncio conivente. As afinidades e a cumplicidade entre os impostores acabam geralmente determinando o destino misterioso das tais investigações rigorosas impetradas pelas autoridades competentes. Será que o Brasil é mesmo o eldorado dos marajás?!

       As palavras-chave dos primeiros meses de governo golpista foram “privatização” - das estatais, das empresas públicas básicas, do ensino, da justiça, da saúde e, em muitos casos, até do dinheiro dos cofres públicos - e, é claro, “crise psicológica” - das leis, dos privilégios, do congresso, das arbitrariedades coronelistas, dos oligopólios, das cirandas financeiras o-dinheiro-foi-pra-caxangá, das mansões offshores e da estrutura política arcaica e autoritária.

       Ocorre-me uma pichação, que vi num país outrora comunista do leste europeu convertido ao capitalismo, manifestando quase uma nova utopia neste nosso mundo regido pela economia de mercado e pela competição desleal: “Privilegiados de todo mundo, eliminai-vos.”

      Nosso país parece ser um dos únicos onde a vítima é culpada, a polícia é bandida, o hospital é o pior lugar para se curar, o serviço público é visto como favor e político é sinônimo de larápio e vigarista; onde a certeza da impunidade torna os crimes mais hediondos, os assassinatos mais gratuitos, as patifarias mais desavergonhadas, algo trivial e cotidiano. Palavras como “sequestro relâmpago”, “extermínio”, “desova”, “acerto de contas”, “esquema”, “queima de arquivo”, “delação premiada”, “chacina” e “crime de mando” tornaram-se, infelizmente, corriqueiras e banais. Além disso, sabemos muito bem que numa ordem social na qual o crime compensa, a reabilitação e a recuperação de grupos sociais que vivem à margem da sociedade, sem qualquer apoio do poder público, fica cada vez mais difícil em meio ao descaso, à fome e à violência generalizada.

       É chegada, enfim, a hora de mudar e de crescer interiormente. Nosso desafio agora é sem dúvida buscar soluções práticas imediatas e inventar estratégias coletivas para enfrentar questões tão complexas, mas sem perder a alegria de viver e a vontade de transformar a vida. Há sempre muitos caminhos. Como ainda é permitido sonhar, imaginemos, então, nossas riquezas mais bem distribuídas, o acesso amplo e irrestrito à educação, à saúde e à arte... uma sociedade mais solidária, mais ética, mais responsável e mais justa.

    Isso me traz à memória outra pichação, vista numa das ruas da bela cidade de Leipzig, há alguns anos: “Faça como Deus: torne-se humano.”

* Diretor de Teatro, Dramaturgo, Escritor e Tradutor de alemão. Gestor cultural com foco em planejamento estratégico, gestão de pessoal e de programas, e em Economia Criativa.

Nota da Redação: Foto  da ilustração é do quadro "Batizado de Macunaína" de Tarcila do Amaral - Foto divulgação

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COMENTÁRIOS

  • Postado por: MARA MINASSA
    14 JUL. 2016 às 14:37

    Quando lemos o que o amigo Erlon Pascoal escreve ja sabemos que seremos todos brindados , olha sempre champagne francesa...uau!...ja nasceu com a taca cheia e as palavras transbordando na sua mente inteligencia capicitada , humana.EMOCIONA.... Agindo sempre com suas belas e educadas respostas serenas e tambem relaxante porque nao? Quando dele precisamos...mesmo pela internet. ...feliz quem pode e tem o previlegio de trabalhar ao lado dele ...mas eu publicamento agradeco todos os dias da minha vida pela pessoa amiga das horas certa...pela forca que me trasmite com seu sorriso contaminante aos nossos coracoes e alma. Amigo Erlon Pascoal queria poder falar mais de voce ja nasceu uma estrela por nos ,obrigada sempre por ser e estar na minha vida e me fortalecer vencer .... O que dizer PARABENS ! MEU ABRACO FRATERNO AMIGO
  • Postado por: José Edson botelho
    13 JUL. 2016 às 16:01

    Mais uma vez Erlon nos brinda com uma lucidez, uma visão do momento livre de siglas, lados, disputas. Realmente está na hora de mudanças, precisamos de um norte, um ponto de referencia, ética e justiça.
  • Postado por: Maria José Vettorazzi
    13 JUL. 2016 às 13:06

    Brilhante texto sobre a situação vigente do Brasil. Parabéns!

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