Por: Adolfo Breder
Competimos o tempo todo com desleais atletas da administração pública, eleitos com interesses em suas carreiras solo. O brasileiro faz ginástica diária para viver. Começa pelo salto à distância nos buracos das calçadas e inesperados vãos entre os trens e plataformas. Muitas vezes termina numa maratona em busca de impossível atendimento hospitalar.
Se você visitar favelas não vai ser difícil encontrar revezamentos de camas: uns trabalham de dia outros de noite, compartilhando o leito desfeito de sonhos. Nadar contra a maré, em todos os estilos conhecidos e naqueles que a criatividade do nosso povo aprimora a cada aperto, é regra geral democrática.
Pela falta do que fazer, desempregados em crise, virtuosos atletas, treinam incansavelmente o lançamento de débitos em impagáveis cartões e de bolas de papel ao cesto, despreparados para participarem do jogo cotidiano, dando tempo ao tempo.
Nada contra o esporte para o nosso povo. Mas o antigo slogan diz que a mente sã vem em primeiro lugar. A educação crítica acessível é o caminho para o pódio, em vez das apressadas obras malfeitas de um exibicionismo mesquinho! Provavelmente vamos concluir que tivemos promessas e palavras partidas: e estas foram OLIM - PIADAS DE MAU GOSTO!
Nesta sua primeira visita, os deuses da clássica Grécia vão perceber, com mais de dois mil anos de sabedoria, que vivemos cercados de mitos pagãos insustentáveis, que continuam se utilizando de práticas desleais. Bani-los definitivamente das nossas fileiras e cassar suas medalhas é o voto que compartilho.
Tentar acender os espíritos com uma festa espalhafatosa no meio de uma maioria excluída é atitude antiesportiva, que atocha com supérfluos nossa cidadania.
Juntos precisamos buscar a vitória que traga satisfação duradoura para toda a torcida, dando a cada um, sua merecida medalha: de ouro ou de lata.
Foto: do autor: detalhe da Escadaria Selaron, na Lapa, Rio de Janeiro.