Por Adolfo Breder
Em 2014, quando tomei posse como Conselheiro de Usuários da Tim / ANATEL – Região Sudeste, observei que os mais jovens, que me antecederam na fala inicial, destacavam seu engajamento com a tecnologia, principalmente dos smartphones! Comecei dizendo: “Tecnologia é alicate e martelo. Se não serve para o desenvolvimento humano, não serve! ”. Continuei contando a minha experiência com a informática, desde os quinze anos de idade, quando iniciei meus estudos no Colégio Salesiano e UFES, em Vitória (ES) e minha paixão pelo tema.
No próprio Conselho cultivamos um olhar diferenciado para as possibilidades de inclusão. A cada plenária entregamos um exemplar do Código de Defesa do Consumidor em braile para instituições que atuam com cegos no estado anfitrião. Apenas um, entre outros exemplos, apoiado pela operadora.
Na tarde de ontem participei do Encontro Brasileiro de Usuários de Dosvox, o sistema operacional que através da voz permite a integração das pessoas com seus aparatos digitais, em a necessidade da visão. Conheci seu criador, o Prof. José Antônio Borges, um ícone na luta inclusiva.
Além dos interessados e questionadores participantes os temas abordados foram instigantes. E uma frase do palestrante Wallace Ugulino, referindo-se à tecnologia vestível (https://pt.wikipedia.org/wiki/Computa%C3%A7%C3%A3o_vest%C3%ADvel) como um possível instrumento de aperfeiçoamento da Cidadania, virou o foco da minha atenção.
Nesse ambiente conheci bengalas inteligentes, um protótipo de Cão Guia robô e sensores inteligentes para permitirem mais conforto e segurança. Vi pessoas ciosas de seus direitos e ofertas de capacitação, para que programem soluções personalizadas, ampliando seus limites de ação no dia a dia e na concretização de sua criatividade. Vi cidadãos que se doam, para que o mundo seja um lugar em que as oportunidades estejam ao alcance de todos. Que o conhecimento gerado e seus subprodutos sejam utilizados para igualar todos, não para privilegiar apenas engravatados, seus asseclas e familiares.
A partir daí, fiquei refletindo como as ações da mídia oligárquica e dos nossos falsos representantes políticos tudo fazem para nos confundir e nos afastar da percepção crítica. A eles interessa a concentração do poder e o uso restrito do conhecimento. Nesse Encontro, em que a abordagem ótica era supérflua, outros sentidos e saberes compartilhados permitiram vencer muitas barreiras estabelecidas há tempos.
Será que a Internet das Coisas não poderia nos ajudar a interagir melhor com as nossas urnas eletrônicas, que não permitem reavaliar o voto após o pleito? Mandatos quase irreversíveis de quatro anos parecem uma eternidade, quando os comparamos com a velocidade de processamento eletrônico em nano segundos. Precisamos de coisas que, além de permitirem ver de verdade, possibilitem o pleno exercício da cidadania.
Quem vai querer?
Quem vai temer?
Foto: do autor: Exposição do artista chinês Cai Guo-Qiang, no CCBB-Rio em 2013.
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