Por Odmar Péricles Nascimento*
Verdadeiro absurdo propor a tal “lista fechada”, tramada nos bastidores do Congresso Nacional. Lista fechada é coisa de democracias parlamentaristas e secularmente consolidadas, com alguma exceção, que sequer serve de exemplo.
No caso brasileiro, e sua democracia em pleno desenvolvimento (haja vista ultrapassar trinta anos ininterruptos de estado de direito); mas com forte tradição presidencialista e voto personificado, o exercício possível é a desmobilização das coligações partidárias. Ou seja, cada partido político com sua lista própria de candidatos, aberta e escancarada. Voto na legenda partidária ou nos candidatos.
Infelizmente, o propósito que preside o debate nas duas casas legislativas nacionais, nesse momento, nada ou pouco tem de preocupação com a tenra democracia, senão como subtração a própria democracia. E fazer prevalecer interesses escusos, privilégios e proteção aos políticos em fim de linha, caso vinguem as citações, investigações, denúncias, processos e sentenças da justiça, que via operação lava-a-jato, possa sujeitá-los ao escárnio público e/ou cassação.
Há, portanto, conflito entre a necessidade da readequação dos meios e modos de conquistar a representação política; e a cultural tendência de preservação das vantagens e impunidades dos envolvidos, e que são as faces dessa mesma moeda.
Os muitos elementos que atuam nesse embate: deputados e senadores, situação e oposição, os três poderes, as mídias noticiosas e instantâneas, e cada vez mais antenadas aos fatos; as academias com variado leque de estudos e conhecimentos; enfim, todo esse conjunto somado à opinião pública e aos movimentos sociais, formam o imbróglio dessa trama, cujo desenlace dará nova formatura ao processo democrático da representação do povo, pelo povo e para o povo.
O grande caldeirão está no fogo, vamos ver no que vai dar.
* sociólogo e analista político
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