Por Odmar Péricles Nascimento*
Herói brasileiro e capixaba de Itapemirim. Em 12 de junho de 1817, Domingos José Martins, foi fuzilado e morto, depois de haver sido pego, aprisionado e condenado por participar e liderar a Revolução Pernambucana.
Nascido em 9 de maio de 1781, na antiga Fazenda Caxangá, outrora Itapemirim (hoje Marataízes). Filho de família pródiga, iniciou seus estudos em Vitória e foi concluí-los em Lisboa, complementando-os em Londres, onde viveu e trabalhou.
Frequentou ciclos intelectuais orientados pelo iluminismo da revolução francesa e das grandes transformações ao redor da Europa, fazendo a conexão com os fatos do colonialismo brasileiro que se convertia em extensão da monarquia portuguesa.
De sua convivência em Londres, veio a ligação com Pernambuco, com quem a Inglaterra mantinha intenso comércio, especialmente de açúcar e algodão. Recife e Olinda já eram importantes cidades e centros de discussão política. E de crescente debate sobre a independência do Brasil de Portugal.
Com a instalação da sede da monarquia portuguesa no Brasil, a partir de 1808, o custo de sua manutenção sugava esforços de produção dos proprietários. A indústria do açúcar era bastante atingida, com impostos e remessas de dinheiro, para por exemplo, pagar serviço de iluminação da Côrte no Rio de Janeiro, enquanto Recife prescindia desse bem. Além disso, circulavam notícias de revoluções libertadoras, como o rompimento do Estados Unidos com os ingleses.
Em 1817, Domingos Martins aportou em definitivo no Recife para liderar a revolução e instalar ali, a república livre de Portugal. O que de fato se deu, no dia 6 de março.
Os revoltosos tomaram a sede do governo, reduziram impostos, aumentaram os soldos militares, e suprimiram qualquer contribuição financeira com a Corôa. E por 75 dias fizeram a defesa do território, até ficarem cercados e exauridos pelas tropas de D. João VI, com mais de 8.000 homens enviados por terra e por mar.
Em 19 de maio veio a rendição. Muitos tombaram em combate, outros foram presos, enforcados ou decapitados, e esquartejados e expostos nas praças públicas. O líder Domingos José Martins, foi transferido para o quartel em Salvador-BA e acusado pelo crime de lesa-majestade, sentenciado com morte por fuzilamento.
Na manhã do dia 12 de junho, bradou sem completar a frase: “morro pela liberd…”
Domingos Martins dá nome a importante cidade na região serrana do Espírito Santo, ao palácio da Assembleia Legislativa capixaba, que conserva seu busto; é patrono da Polícia Civil capixaba e do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo.
E lamentavelmente, passados 200 anos, esse fato histórico, honrado e heróico, não será lembrado em qualquer escola de nosso país, retirado que foi dos currículos das aulas de história. Mas seu nome está inscrito como herói nacional, no panteão da Pátria e da liberdade, em Brasília.
*Sociólogo e coordenador da Fundação João Mangabeira-ES
27- 99846-4085
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