Por Guilherme Henrique Pereira
Parece que não dá para falar mais em fundo do poço. Não foi encontrado e nos traz o problema de buscar outras categorias para explicar a desgraça que a nação brasileira vive neste período de sua história. Uma tipologia é sempre desejável, no mínimo, simplifica a conversa e nos ajuda na comunicação.
Seria barbárie? Dei uma olhada pelos dicionários sobre o significado do termo e foi lá no Dr. Google que encontrei comentários bem esclarecedores. “ Barbárie é a condição daquilo que é selvagem, cruel, desumano e grosseiro, ou seja, quem ou o que é tido como bárbaro.
A barbárie pode ser interpretada como uma ação de extrema violência e agressividade, com o único objetivo de afetar diretamente a paz e a tranquilidade de determinado grupo. .... Entre alguns dos principais sinônimos de barbárie estão: selvageria, bestialidade, grosseria, ignorância, estupidez, rudeza, crueldade, atrocidade e incivilidade.
Barbárie social
Este é um conceito que define as situações em que os indivíduos de determinado grupo social ignoram as leis previstas pela legislação oficial e agem por conta própria.
O Estado e seus Poderes servem para ordenar a vida social, a barbárie social começa quando há a quebra das leis ou substituições por decisões aleatórias tomadas pelos próprios cidadãos, sem o apoio da justiça constitucional.
Quando não há uma ordem social, a desordem criada proporciona o aumento das agressões e violência gratuita entre os indivíduos levando, por sua vez, a situações drásticas.
Civilização e Barbárie
Barbárie e civilização são conceitos antagônicos, mas que representam a condição e estrutura de uma sociedade.
A civilização é caracterizada pela ordem social, através do uso de leis e normas morais e éticas que ajudam a regular o convívio entre os indivíduos.
Por outro lado, a barbárie consiste no estado de caos e desordem, quando não há uma cultura ou um padrão de convívio entre os indivíduos, tornando-os seres cruéis, violentos e ignorantes.” (https://www.significados.com.br/barbarie)
Acabo tendendo a pensar que nossa balbúrdia atual, tão bem tramada pela experiência histórica que nos trouxe até aqui, ainda não merece essa classificação. Felizmente, por conta do viés contido na barbárie de violência aberta e generalizada. Este caos ainda não se instalou. Mas, temo que pode não estar longe.
No entanto parece claro que nos distanciamos da condição de “civilização” quando a ordem social se vê ameaçada por indivíduos, que eleitos para preservar as normas e os princípios éticos necessários ao convívio em paz dos indivíduos, se tornam os maiores transgressores. É o que se passa hoje com muitas figuras nacionais, notadamente o sr. Michel Temer.
É lamentável, inacreditável e perigoso para o nosso futuro que o homem sentado na principal e mais importante cadeira do país converse com um delinquente vestido de empresário. Não é empresário porque fez fortuna não pela qualidade de seus produtos (lembrem-se das falcatruas descobertas pela operação a Carne é Fraca) ou pela competência em inovação. Ao contrário procurou o caminho da corrupção, valendo-se de outros bandidos vestidos de políticos, para se apropriarem da coisa pública.
O mais constrangedor é que a conversa revela que eles são parceiros. Um tem assessor para buscar mala de dinheiro e outro coloca o dinheiro na mala em troca de facilitações que serão promovidas com dinheiro do povo brasileiro. Dinheiro que falta no atendimento das suas necessidades básicas.
Mas, não é só o sr. Temer. Há muitos outros senhores, entre eles o senador que procura um investigado por crimes de corrupção para pedir dinheiro. E mesmo, com um mala de dois milhões de reais, tenta enganar a todos nós que era um empréstimo, embora sem contrato, em espécie, que não podia ir para conta bancária, precisava ser lavado antes pelo outro amigo do mesmo naipe. Somente os senhores senadores, guardiões do código de ética, que aceitaram essa história para fazer boi dormir. E dormiram.
Já não temos Governo. Quem se diz presidente passa todo o tempo tentando comprar votos para não ser processado. Muitos de seus ministros também sob suspeitas, alguns com vários processos, que dependem de sua manutenção porque são passageiros da mesma nau de nome foro privilegiado. Mas de vez em quando aparece alguém com um restinho de dignidade e pede demissão [Antonio Carlos Valadares] por não “ concordar com os métodos truculentos e ultrapassados adotados pelo governo federal para conquistar apoio no Congresso Nacional".
Já não temos Governo. Se não bastasse o sufoco vivenciado pelas instituições de saúde, educação, ciências, tecnologias, estradas esburacadas, etc, agora falta orçamento até para imprimir passaporte. Apesar das grandes empresas deverem bilhões à previdência, quem deverá pagar a conta são os trabalhadores porque aposentam cedo demais e não pagam propinas.
Já não temos Governo. Aquele que se diz presidente, gasta todo o seu tempo preocupado com sua defesa. Sendo ela impossível, parte para o ataque à instituição com os mais estúpidos argumentos. É nessa hora que o povo conhece um monte de deputados, lá em Brasília conhecidos como baixo clero, único grupo que, sem prestígio para perder, se dispõe a ficar na foto ao seu lado, afinal é o momento de celebridade instantânea, entrevistas, e falas imbecis, mas, aparecendo gloriosamente.
Pior, a falta de Governo também avança para diversas outras instâncias da federação. E abre muitas brechas para os senhores bandidos vestidos de empresários comercializem produtos falsificados e piratas que vai de combustível a cigarros, passando pelos remédios e, em alguns casos, até serviços médicos.
Mas alguns, incompreensivelmente dizem que o Congresso não deve autorizar o processo contra o Temer, porque o mercado está satisfeito com ele e isso pode colocar em risco a estabilidade. Que estabilidade conseguem enxergar esses especuladores do mercado financeiro? Na verdade, estão adorando a boataria porque faz a Bolsa de Valores oscilar, melhor dos mundos para os investidores que estão ganhando dinheiro com há tempo não acontecia. Ademais, o Governo está pagando direitinho os mais altos juros do mundo. É claro que estamos satisfeitos, os desempregados é que se cuidem, não são problemas nosso, aliás empregamos muito pouco, dizem os homens do mercado.
É....parece que ainda não estamos na barbárie. Mas, está difícil de fugir da imagem de que nos afastamos perigosamente da civilização.
Não há comentários postados até o momento. Seja o primeiro!