Por Ricardo Coelho dos Santos


Todo nosso país ficou assustado
Ao saber da existência de um zumbi!
Essas coisas acontecem por aqui:
Temos um morto que é comissionado!

Ele não consegue provar que está vivo,
Mas é nosso grande astro de tevê!
Só mesmo um homem bem cego é quem não vê
Esse morto famoso e ativo!

Mas, olha, devia ter desconfiado
Das ações desse Drácula brasileiro
Que vive a sugar, do país inteiro,
O sangue do pobre e aposentado!

Dizem que não age sozinho, comanda
Uma camarilha de monstros das trevas
Que entrega a comparsas nossas reservas
Atendendo uma sinistra demanda!

Tenho saudade dos vampiros de outrora
Que não eram refletidos por espelho!
Tremo da cabeça até o joelho
Dos artifícios inventados agora:

Matemática de soma que não fecha,
É a notícia que nunca se confirma,
É Justiça que somente se afirma
Soltando e condenando conforme a brecha!

É classe média pensando que é elite
Opinando o que lhes são tiros no pé!
É batismo de “Joseph”, e não José,
É a fome chamada de “apetite”!

Assim, o terror domina nossa terra!
Todos mortos receberam alforria!
No cemitério, já se reina a alegria
Da Liberdade que o zumbi desterra!

E, por isso, todo vivo está gacheiro
Diante do painel que se descortina,
Temendo agora aquela triste sina
Que desabou sobre o povo brasileiro!