• Anuncie
  • |
  • Responsáveis
  • |
  • Fale Conosco
  • |
Logomarca Debates em Rede Logomarca Debates em Rede
  • CAPA
  • ECONOMIA
    • Artigos
    • Infraestrutura e Logística
    • Inovação
  • POLÍTICA
    • Artigos
    • Notícias
  • CIÊNCIA
    • Artigos
    • Biológicas
    • Entrevistas
    • Sociais
  • POLÍTICAS SOCIAIS
    • Artigos
    • Educação
  • AMBIENTAL
    • Artigos
  • RESENHAS
    • Artigos
  • CULTURA
    • Artes
    • Crônicas & Contos
    • Vinhos
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • EXPEDIENTE
  • FALE CONOSCO

Artigos

  1. CAPA
  2. ›
  3. Economia
  4. ›
  5. Artigos

13 MAR. 2018

Política de Inovação Substituirá a Política Industrial?


Por Guilherme Henrique Pereira*


   Os economistas com mais presença nos grandes veículos de comunicação acreditam que as reformas em curso e em debate de corte das despesas públicas, notadamente as relacionadas ao gasto social, e a redução do setor público reequilibrarão o orçamento fiscal. E, ainda, isso será suficiente para a retomada do desenvolvimento nacional. São bem convincentes pela simplicidade da tese e, sobretudo porque a grande maioria da população, naturalmente, não domina conceitos econômicos.

    Um outro grupo expressivo de economistas, apesar de menor presença nos noticiários, defendem que, ao contrário, o reequilíbrio só acontecerá se a economia voltar a crescer. Defendem, ainda, que as políticas atuais aprofundarão a crise, embora possa ocorrer curtos períodos de taxas de variação do PIB positivas. A pergunta seguinte é sobre as possibilidades de promoção desse crescimento. É neste cenário que reaparece o  debate sobre o potencial da industrialização, da política industrial e dos serviços (“servicização”).

    Durante a segunda metade do século passado a proposta da industrialização se confundia com meta do desenvolvimento, ou da redução da distância (do nível de bem estar, produtividade, competitividade, etc.) que separava os países subdesenvolvidos dos demais. Os argumentos em defesa da manufatura como portadora dessa capacidade de transformação, passavam pela constatação de que os países produtores de bens primários experimentavam uma trajetória de relações de trocas desfavoráveis no comércio internacional. Outra argumentação ia na direção de demonstrar que a produtividade no setor primário era muito menor que no setor secundário, nessa etapa da tecnologia, passível de receber mão de obra pouco qualificada. Assim, a simples transferência de mão de obra de um setor para outro, impulsionaria a produtividade média da economia.

    Já no século XXI, o que mudou? Primeiro lugar, há outras condicionantes que se tornaram de incorporação obrigatória nos debates e nas formulações de políticas. Não é mais possível pretender apenas melhorar o nível de produtividade ou as relações de trocas com o mercado externo, ou ainda, diminuir a distância dos indicadores do desenvolvimento  entre países. É preciso buscar a igualdade entre gerações no uso dos recursos naturais, bem como na distribuição da renda e riqueza no presente.  O objetivo agora é o desenvolvimento sustentável.  Mudou também o padrão tecnológico, mais intensivo em conhecimento, portanto, mais exigente em qualificação de mão de obra. Redução de custos e produção em escala, cedem lugar como instrumentos da concorrência. Processos de produção inovadores gerando novos bens ou bens antigos com  cara de novidade, ou com novas funcionalidades, são as armas atualizadas para conquista dos mercados. Pesquisa, desenvolvimento tecnológico, alta qualificação dos trabalhadores ganham centralidade no sistema de produção e explicam o crescimento dos serviços. São os negócios intensivos em conhecimento que atendem a manufatura, e outros  produtores de serviços e bens requeridos pelo consumidor contemporâneo, ávido por inovação.

    Nesse mundo ainda tem lugar para a política industrial (PI)? Certamente não,  se ela for entendida no formato distorcido que os liberais utilizam na elaboração de suas críticas à esse tipo de intervenção nos mercados. Isto é, política de apoio aos setores da economia, ou política de fortalecimento de “campeões nacionais”.  Aliás, esse nunca foi o bom modelo, tampouco parece encontrar justificativa na teoria econômica.

   O que podemos garimpar mais facilmente em apoio a um política governamental de desenvolvimento (além do campo monetário e fiscal)  vem principalmente de Keynes e Kalecki.  É a defesa do investimento como variável chave da dinâmica econômica. Por aí é possível justificar ações de políticas para regular (bem do Keynes) ou promover os investimentos. Isto é, facilitar ou retirar obstáculos ao fluxo de investimentos privados, de sorte que se mantenham em níveis estáveis, se possível elevados. Aqui aparece como o mais adequado, entender que o “Industrial Policy” nos memorandos do Keynes quer dizer “política dos negócios”. Ou seja, as medidas que o governo pode implementar em apoio ao fluxo de investimentos em geral.

   Qual o conceito de PI para autores alinhados com esse pensamento e com larga tradição no debate sobre PI?  O professor Johnson(1) pode ser um exemplar representante desse grupo: “PI é um termo síntese para as atividades dos governos que tencionam desenvolver ou restringir várias indústrias em uma economia nacional, à fim de manter a competitividade global.” É, antes de tudo, um atitude e somente depois uma tema para a técnica. Para este autor, a PI pode ser negativa ou positiva. Negativa quando gera distorções, desestímulos, desigualdades entre setores. Em seu sentido positivo, significa a iniciativa e coordenação de atividades governamentais voltadas para alavancar a produtividade e a competitividade da economia como um todo. Um “locus” privilegiado de articulação de diversas políticas e instrumentos em favor de objetivos e metas estabelecidas para o desenvolvimento sustentável, com seus recortes regionais e setoriais.

   Para brasileiros, aqui e agora, o grande desafio, na verdade, é a retomada do desenvolvimento sustentável no Brasil da segunda década do século XXI. É muito provável, (deixando de lado, por enquanto, o viés de forças políticas que orientam o atual governo)  que haja significativa concordância que a solução passa pelo aumento dos investimentos. Seguramente, juros baixos, câmbio adequado e estabilidade de preços são questões básicas no horizonte de curto prazo. No longo prazo, a capacidade para inovar é, hoje, um fator preponderante. Os serviços intensivos em conhecimento que darão o suporte necessário para a manufatura, para a agricultura e outros serviços são protagonistas decisivos. O desenvolvimento de recursos humanos, a pesquisa científica, o P & D, o design, a comunicação, a eletrônica e tantos outros que se impuseram com o novo padrão produtivo,  se tornaram imprescindíveis aos negócios da atualidade.  Desse modo, é plausível propor que se coloque em pauta, como prioridade absoluta,  a Política de Inovação (Innovation Policy), elegendo-a como locus de coordenação das demais políticas de Governo.

   O objetivo geral de alavancar o desenvolvimento sustentável será perseguido via o destravamento do fluxo de investimentos. Metologicamente, o planejamento indicado deve levar em conta as políticas com abrangência nacional. Por exemplo, além das políticas macro, as políticas de comércio exterior, educação, infraestrutura de pesquisa e desenvolvimento, de comunicação e transportes, todas subordinadas à coordenação ditada pelos propósitos de dinamizar o sistema nacional de inovação, bem como, facilitar os investimentos privados que realizarão a produção dos bens e serviços decorrentes das fronteiras abertas ou renovadas.  Também importante, estabelecer os recortes regionais/estaduais e por complexos produtivos, eleitos por períodos de planejamento, obedecendo a critérios relacionados a contribuição de cada um para o objetivo geral e, principalmente, para o alcance dos objetivos da sustentabilidade.

   Relembrando o conceito de PI, acima citado: “PI é um termo síntese para as atividades dos governos que tencionam desenvolver ou restringir várias indústrias em uma economia nacional, à fim de manter a competitividade global.” Mas, o quê surge agora como possibilidade mais direta é a Política de Inovação nessa funcionalidade de coordenação. 

   No Brasil de hoje (início do século XXI) parece distante a possibilidade de apoio político para o planejamento de longo prazo e, pior ainda, para as políticas de Governo com os fundamentos aqui alinhavados. Por isso, é tão necessário o debate sobre esse tema. É preciso convencer eleitores e candidatos nesse ano eleitoral. Que venham muitas outras contribuições.

* Professor, Doutor em Ciências Econômicas.

(1) JOHNSON, Chalmers, The Industrial Policy Debate, ICS Press, 1984. Portanto, um pensamento que já vem de longe.

Artigos recentes relacionados e recomendados:

http://brasildebate.com.br/a-esquerda-deve-superar-velhas-concepcoes-de-industrializacao-e-politica-industrial/

https://economiadeservicos.com/2018/02/22/os-servicos-podem-substituir-as-manufaturas-como-mecanismo-de-desenvolvimento/



    

    

POSTAR UM NOVO COMENTÁRIO

COMENTÁRIOS

  • Postado por: Stelio Dias
    21 MAR. 2018 às 19:38

    OLÁ MEU CARO GUILHERME. ESTOU LHE \"VIGIANDO\" DESDE NOSSO ULTIMO ENCONTRO NA CASA DO NOSSO AMIGO COMUM, JOÃO FELICIO. PARABÉNS PELA ORIGINAL ABORDAGEM POLITICA DE INOVAÇÃO & POLITICA INDUSTRIAL. SE CONCORDAR SIGA O DEBATE EM TORNO DO \"DESTRAVAMENTO DO FLUXO DE INVESTIMENTOS\". OBRIGADO POR INSTIGAR-NOS A REFLEXÃO QUE NÃO A FARIA SE NÃO FOSSE SEU ARTIGO. MEU PROFESSOR DE FRANCES (PRISCAS ERAS) RUI LORA QUANDO CHAMAVAM-NO DE MESTRE DIZIA: \"SOU PROFESSOR NÃO SOU MESTRE.... MESTRE ENSINA O PROFESSOR\"... VOCÊ JÁ É O NOSSO MESTRE.... MEU ABRAÇO STELIO. ​
  • Postado por: Kleber Corteletti Pereira
    01 MAR. 2018 às 12:31

    Querido Profº Guilherme: Brilhante artigo, grande aula sobre o tema. O posicionamento crítico do autor, apontando os fatores positivos e negativo da PI, bem como indicando a imprescindibilidade do acompanhamento/aprimoramento tecnológico não como uma figura mercadológica diferenciadora como outrora, mas como fator decisivo de manutenção e competitividade no mercado. Parabéns e obrigado pela aula. O artigo nos leva a uma leitura agradável e de grande crescimento. Um abraço Fraterno Kleber Corteletti Pereira
  • Postado por: aylê-salassié filgueiras quintão
    28 FEV. 2018 às 22:13

    Prezado Guilherme, Você é um mestre. Seu artigo é uma aula sobre a importância do destravamento do investimento e da dinamização de uma política de inovação no sistema e no processo produtivo . Os padrões são outros, as gerações são outros, as demandas são outras. E é preciso capacitar para inovar, como diz você. Os mecanismos e soluções introduzidos, eventualmente, ajudam mais a confundir. Falta um Plano Estratégico Nacional, capaz mesmo de fixar metas e estabelecer diretrizes para os setores público e privado na busca da retomada do crescimento Estou plenamente de acordo com você. Seu texto é claríssimo. Aliás, li alguns dos artigos do Debates em Rede e constatei que você organizou um belíssimo corpo de articulistas, cada um analisando aspectos pontuais da nossa realidade. Pessoal altamente qualificado. Relembro a você que , de uma perspectiva marquetológica - para promover o blog e dar materialidade aos conceitos expostos digitalmente - deveria realizar um seminário por aí, promovido pelo Debates, junto com a Universidade , e financiado por setores produtivos. Era coroar os esforços de vocês em manter o blog. Tendo você atrás do projeto, ela tende a ser um sucesso. É isso, meu amigo. Muito obrigado pelo atenção e o prestígio e parabéns pela lucidez. Abraços. Aylê
  • Postado por: Marcos Vinicius Tabachi dos Santos
    28 FEV. 2018 às 17:59

    Excelente reflexão professor Guilherme! Se me permite adicionar apenas uma etapa no processo metodológico apontado no final, diria que no planejamento deveria ser levado em conta uma abertura cultural, política e econômica para as iniciativas já existentes lá fora. É sabido que a política de Inovação no Brasil encontra-se em estágio inicial, para citar alguns exemplos, cortes nas verbas de Tecnologia & Inovação e na contramão os muitos reais desperdiçados nos editais de inovação que muitas vezes não encontram projetos para subsidiar. Nesse cenário, não faz sentido, na minha visão, adotar um certo “protecionismo” tecnológico, pois: i) a natureza das novas tecnologias são disruptivas; ii) possuem altíssima escalabilidade com custos marginais que tendem a zero; iii) os usuários (pessoas físicas e empresas) clamam pela praticidade e redução de tempo e custo proporcionadas pelas inovações. Digo isso, pois não são raras as vezes que assistimos no noticiário medidas que buscam frear o desenvolvimento e expansão. Ex: bloqueios jurídicos do aplicativo Whatsapp, regulamentação do Uber, sobretaxação dos carros elétricos. Acredito que o Brasil deve nortear sua Política de Inovação, com uma visão interna, buscando solucionar os problemas e desafios que temos aqui, por exemplo: - Sendo a Dengue um problema de saúde pública há anos, nessa política que “tencionam desenvolver ou restringir várias indústrias em uma economia nacional” deveríamos ter um laboratório de pesquisa em cada estado, buscando solucionar esse problema. E se por ventura a solução já existir, devemos adota-la e aplica-la introduzindo nela a nossa “inteligência operacional”, criando se não a solução mas o método mais eficiente de aplicação. - Sendo o desmatamento da Mata Atlântica um problemão para o Brasil, vamos estudar medidas de mapeamento em tempo real de grandes áreas geográficas. E se por ventura a solução já existir, devemos adota-la e aplica-la introduzindo nela a nossa “inteligência operacional”, criando se não a solução mas o método mais eficiente de aplicação.; - Sendo o trânsito um grande problema nas metrópoles nacionais, vamos adotar (incentivando) as melhores práticas, como Uber, postes de luz inteligentes que geram informação em tempo real das vias; - Sendo a corrupção uma mazela na sociedade que gera custos enormes para a população brasileira. Adotemos nos órgãos públicos ERPs e SCMs para dota-los de transparência e monitoramento em tempo real. (obs: o Brasil tem uma empresa de referência nesse setor TOTVS, seria viável fazer uma PPP com ela para modernizar os órgãos públicos ao longo de 20 anos?); Em resumo, que essa Política de Inovação seja dinâmica, se apropriando do que já existe, dando uma pitada brasileira ou então desenvolvendo a solução do zero. O que não pode é falar em Inovação e desperdiçar tempo fazendo o que já existe e funciona. Me incomoda a visão de que a Inovação tem que ser sempre disruptiva. Por fim, a lista de problemas que temos e que poderiam ser suportados pelas novas (ou não tão novas) tecnologias é enorme. O debate iniciado aqui deveria sem sombra de dúvida, ser estendido para o campo político nesse ano eleitoral. Desculpe-me pela retórica infame, mas qual candidato tem uma Política de Inovação realmente inovadora?

LEIA TAMBÉM


Economia| 15 MAI. 2025 Lula, Galípolo e a taxa de juros
Economia| 17 ABR. 2025 OS LIVROS, A MAGIA DA FICÇÃO, E O QUIXOTE
Economia| 17 ABR. 2025 A guerra comercial suicida entre os Estados Unidos e a China: um balanço
Economia| 14 ABR. 2025 A tarifa mercantilista de Trump
Economia| 07 ABR. 2025 Trump, o mercantilista
Utilizamos cookies para que você tenha a melhor experiência do nosso site. Ao contínuar navegando em nosso site, você concorda com o uso de cookies.  Saiba mais.
Eu concordo
  • CAPA
  • ECONOMIA
  • POLÍTICA
  • CIÊNCIA
  • INOVAÇÃO
  • AMBIENTAL
  • RESENHAS
  • CULTURA
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • RESPONSÁVEIS
  • FALE CONOSCO
Logomarca Debates em Rede

É um espaço para quem gosta de escrever, de ler e de ter opiniões bem fundamentadas sobre economia, política, ciências, inovação e outros temas que afetam o cotidiano das pessoas, sempre por meio de artigos, notas, comentários e informativos facilitadores do debate e da reflexão. Ao leitor há sempre espaço reservado para interagir com os articulistas, basta registrar o comentário ao final do texto.

RECEBA NOSSOS INFORMATIVOS

FIQUE CONECTADO

© 2025 DEBATES EM REDE | Política de Privacidade

ClickAtivo Desenvolvimento de Seftware