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26 ABR. 2018

OFICINAS DO DIABO


Por Aylê-Salassié F. Quintão*


           Os primeiros sinais indicam que a campanha eleitoral de 2018 promete surpresas e, pelo que se sabe, o tal Ministério da Segurança Pública não vai poder pensar em apenas vigiar as urnas . “O bicho vai pegar...”, ponderou o amigo depois da terceira dose de uma caipirinha. Será complicado controlar as ações públicas de 35 partidos  regulares  e 60 outros com processo de registro no Superior Tribunal Eleitoral. Em período eleitoral todos estarão em atividade legal ou ilegal. Sem o dinheiro das empresas para gastar nas campanhas, essa centena de agremiações, os milhares   de candidatos e os milhões de cabos eleitorais vão fazer o diabo para ganhar  visibilidade pública para seus representantes.

        Eleições sempre aquecem as atividades partidárias e a  indústria da comunicação, seja por meio da mídia paga ou a espontânea.  Acionam as oficinas do diabo e os marqueteiros, sobretudo os inescrupulosos.  Os candidatos mais pobres restringem-se a incomodar as pessoas nos mercados, nos bares, nas  residências, fazendo discursos relâmpagos, distribuindo folhetos, sujando muros, postes e alambrados com cartazes e ativando irritantes alto falantes. Bolsos vazios e mentes desocupadas servem de  combustível.

        A natureza da política infla os egos narcisistas, de tal forma que se perde a noção da responsabilidade dos cargos pleiteados. Se pensasse melhor, muita gente não se candidataria.  Outros,  encontram nas eleições um campo fértil para propagar ideias ou contestar as dos outros. A alteridade  passa longe.  Os processados na Justiça buscam para si o tal foro privilegiado. Mais de 100 prefeitos no exercício das atividades  estão neste caso. A maioria é candidata a reeleição. Todos os  19 nomes que se apresentaram, até agora, para concorrer à Presidência da República estão enrolados em situações processuais , até Joaquim Barbosa, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, aquele mesmo que iniciou o processo de caça aos corruptos, pela compra de votos no Congresso. Ciro Gomes tem 70 processos.

        No fundo,  nenhum candidato parece ter a intenção mesmo,  de resolver problemas  sociais ou nacionais. Querem se safar de alguma coisa ou tirar proveito privado do “Estado provedor”. Para se eleger, precisam ser  conhecidos. As oficinas do diabo oferecem todo tipo de alternativas, como gerar fatos extravagantes, introduzir discursos fantasiosos, cautelosos, ameaçadores e até mentirosos contra os concorrentes. Alguns  exacerbam-se nas  leviandades, invertendo  sentidos. Inverdades  chegam a resultar em mortes.

        O político esperto mesmo vai tirar partido da Lava Jato,  transformando  um processo ou uma prisão por corrupção – chegam a 180 só de parlamentares no âmbito federal –  em condenação por razões políticas.  Há quem acredite que basta intuir um bom argumento  de inspiração jurídica e repeti-lo, como verdade, que ele chega a descuidada  imaginação pública. A repetição pura e simples  de uma falsidade dá-lhe credibilidade. Joseph Goebels, o propagandista do nazismo,  ensinava que uma mentira repetida muitas vezes transforma-se em verdade. Estranhamente, Stalin explicava que a morte de uma pessoa era dramática, mas de muitos apenas uma estatística. Falta pudor.  Essa ausência leva naturalização das notícias falsas,  do descompromisso público  e, sobretudo, da falta de ética.

         As manobras discursivas atingem o conteúdo, embaralham  a visão da realidade afetando conceitos e jurisprudências. Na visita que fizeram ao ex-presidente preso por corrupção, em Curitiba,  um grupo de  senadores da República saiu de lá deslizando na verdade, ao dizer que ele estava numa “solitária”, um lugar isolado, úmido sem as mínimas condições primárias, contrariando as informações da Polícia Federal, documentadas pela mídia, de que  teria sido reservado para ele a melhor cela do presídio, em termos de salubridade, devido a sua condição de ex-presidente.  

        O fato me faz lembrar uma entrevista do sociólogo Rudá Ricci, em Belo Horizonte,  numa reunião da Associação de Estudos de Pós Graduação em Sociologia, quando ele destacou que na disputa presidencial de 2014 , a candidata do PT mudara os paradigmas das campanhas eleitorais no Brasil, introduzindo a “inoculação” da imagem desfavorável dos adversários. Sem um repertório de promessas adequadas, ela se valeu da própria vida pregressa, transferindo para os concorrentes muitas das acusações que pesavam sobre si mesma, e os seguidores  “carneirificados” repetiam-nas em todos os lugares, com jargões, faixas, cartazes, na internet e até com uma violência teatral contra o patrimônio público.

          Dois  mil militantes digitais entravam no circuito  para conduzir os agressivos  discursos, que João Santana e Franklin Martins forjavam para contaminar o internauta. A informação e sua prévia interpretação espalhavam-se pelas redes sociais legitimando os fatos e falas dos correligionários, reinterpretadas por eles mesmos, e viralizadas.   Um boquirroto  parlamentar federal provocado em plenário pelo discurso de uma deputada  foi transformado repentinamente   em estuprador. Um vice que  substituiu constitucionalmente a presidente, impedida  por manusear ilegalmente o orçamento público, tornou-se “golpista”.

          Disseminada, uma inverdade contamina a opinião  pública, produzindo resultados muito mais profundos que a simples propaganda direta na televisão, nos jornais, nas rádios e até nas mídias alternativas, ao  entrar descaradamente pelo campo  do cinismo e da falta de ética. Sem qualquer preocupação com a moralidade,  remete  cada eleitor aos ensinamentos retóricos de Aristóteles, às frustrações  freudianas e às fantasias dos pregadores messiânicos.

        A Justiça eleitoral precisará de mais agilidade e objetividade na condução do processo em 2018. Se tergiversar, uma boa parcela dos brasileiros  vai  eleger  dezenas de candidatos que, logo a seguir, estarão prestando contas à Justiça.  É curioso o fato de que todos eles  alimentam a esperança de que o Supremo Tribunal Federal irá rever “a prisão em segunda instância”, para adotar a estratégia do “trânsito em julgado”. Parece que o bicho vai pegar mesmo. Em se tratando de transgressões com materialidade explícita, a força da Justiça vai exigir  que o ministério da Segurança Pública saia do papel.

*Jornalista e professor

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