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04 JUN. 2018

Uma greve pedagógica e viral

Por Aylê-Salassié F. Quintão*

            A greve dos caminhoneiros foi  a  mais pedagógica que aconteceu nesses últimos 50 anos no Brasil. Não precisou de líder, nem de partidos. Repetiu as manifestações públicas de 2013 por aqui, a primavera árabe, as insurgências em Madrid, em Hong Kong e na Wall Street. Deflagrada pela Federação dos Autônomos, foi  conduzida nas ruas e estradas por grupos independentes. Havia representantes políticos por lá, sim. A cor das camisas e bonés não conseguiam disfarçar, mas  todos  pareciam  deslocados. Chegou-se a pensar que a greve fazia parte de uma escalada de iniciativas e práticas destinadas a derrubar  Temer, e não se teve explicações convincentes até agora sobre a origem dos apredrejadores - potenciais saqueadores - que terminaram por tirar a vida de duas pessoas.

              Para uma população hoje bem mais alfabetizada e politizada a ação dos caminhoneiros trouxe muitas lições, conforme mostra o colunista Luiz Carlos Azedo (CB, 31.05). Uma delas é a de que  “as estruturas verticais de Poder, em tempos líquidos, não conseguem traduzir e representar a sociedade no fluxo das crises”.  O WhatsApp estava lá, veiculando inclusive uma sucessão de notícias falsas e provocações. Mas não era só ela. As redes todas documentaram e viralizaram  os eventos e protestos, mantendo uma acalorada  discussão pública e pressão sobre o Governo. A televisão dava institucionalidade aos relatos.

           O que não se viu foi parlamentar. Desde 2013, quando foram expulsos das manifestações de rua,  os congressistas evitam se meter. Preferem esconder-se, receosos de um desgaste político por apoiar a greve ou, ao contrário, o Governo. Covardes, os  governadores,  com suas alíquotas diferenciadas do  ICMS, esconderam o aparato repressivo, numa atitude de desobediência à orientação do Governo Federal. As multas foram altas (R$ 9,4 milhões) e o PIB pode perder até R$ 100 bilhões, segundo a FGV. O Judiciário recolheu-se falando timidamente contra a greve, para defender a tal democracia burguesa, que contribui para seus membros entre o um por cento mais rico da população. Condenou os pedidos de retorno dos militares. Isolados, a presidente do STF e os presidentes da Câmara e do Senado fizeram papel secundário. Rodrigo Maia tentou dar uma rasteira em Temer aprovando a extinção do Pis e do Cofins. Falhou.

            E Temer? Fica a dúvida se manteve mesmo a serenidade  de um estadista, conduzindo soluções  negociadas, e a autoridade de chefe das Forças Armadas. Convocou  o aparelho repressivo, mas disse ter se recusado ao uso da repressão. Ficou, entretanto, refém de uma comissão, quase uma junta governativa, dentro do próprio palácio, representada pelo  ministro da Defesa, o da Segurança,  o Chefe da Gabinete Civil e do Militar e o ministro da Fazenda. O Ministério da Justiça ficou fora. Só apareceu no final, assim mesmo com um substituto. Nessa de negociar com os grevistas, rolou a cabeça do Presidente da Petrobrás, balançando a empresa saneada e o valor de suas ações nas Bolsas de Valores.

          O instituto da greve é perverso, mas não é novo. Da cultura semibárbara lê-se que “Se os deuses não atenderem a essa prece, os homens pararão os cultos” (Boccanera, 1982). Na modernidade, as greves tiveram um forte influxo nas lutas de classes. Só na Itália, no final do século XIX, foram registradas 2.500 paralisações de trabalhadores.  Na Inglaterra, em 1899, 1.200 greves. Nos Estados Unidos os caminhoneiros controlaram o País por diversas vezes. Chegaram a ser criminalizados. No Brasil, no governo João Goulart, foram assinaladas, em um ano, 350 greves, gerando um desabastecimento generalizado.

A greve dos caminhoneiros deste 2018 por aqui  aponta, contudo, para dois aspectos estruturais e estruturantes. Um deles é o avanço da luta  pelo reconhecimento da função social do sistema produtivo, que o liberalismo insiste em ignorar. Os patrões confundem greve pelos direitos do trabalho com locaute para a ganhar vantagens fiscais e financeiras pela primeira vez, a população começou a perceber, com clareza, os efeitos da falta de transportes: desabastecimento de alimentos e de medicamentos,  suspensão de aulas nas escolas. Tomou conhecimento explícito de que é o cidadão quem paga a conta. Os próprios caminhoneiros  tiveram uma visão mais pragmática do  papel desempenhado por eles.

         O outro aspecto emergente é a viralização  do movimento grevista nas redes sociais.  Não há como voltar na História. Estamos em plena era a informação  e da cidadania  ativa mobilizando-se quase espontaneamente  à margem das instituições. A política convencional chegou ao mais baixo nível de credibilidade. Em compensação, sem uma proclamação formal, e até constitucional,  vai ganhando forma digitalmente  um parlamento virtual, que instrumentaliza a todos os cidadãos, individualmente, para propagar suas ideias e difundi-las a seu modo.

 *Jornalista, professor, consultor da Catalytica Empreendimentos e Inovações Sociais.

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COMENTÁRIOS

  • Postado por: Guilherme Henrique Pereira
    05 JUN. 2018 às 07:51

    Excelente artigo, concordo com o Ricardo. Mas, creio que o Pedro Parente não foi injustiçado como moeda de troca com os grevistas. Na verdade ele foi protegido. Ele deveria ter sido preso pela irresponsabilidade dessa política de preços que jogou o país em gravíssima crise. Além disso ele é mentiroso dizendo que era necessária para recuperar os lucros da Petrobrás. Quem não se lembra dele, a menos de um mês, em entrevistas ao jornal nacional comemorando o lucro recorde da Petrobrás. Do ponto de vista operacinal, receitas x despesas, a Petrobrás não estava com problemas. Prejuízos apresentados em balanços recentes eram devidos aos ajustes contábeis referentes aos lançamentos para corrigir investimentos registrados com valores superfaturados. Portanto, prejuízos apenas contábeis. Outro indício de crime cometido por ele está relacionado com a redução de produção nas refinarias nacionais e o aumento das importações.
  • Postado por: Ricardo Coelho dos Santos
    04 JUN. 2018 às 10:08

    Análise perfeita! O Estado é um organismo vivo que buscará uma forma de reagir às doenças mal tratadas. Se a cabeça não sabe assumir sua função, outros órgãos saberão buscar a cura!

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