A obra Mensageiro do Vento está muito bem escrita e Mattedi a apresenta para o leitor infantojuvenil, em geral curioso com o processo da criação de uma obra, a sua vivência nos fabulosos locais. O depoimento de como escreveu e do tempo que levou nessa gestação é um meio interessante de mostrar ao leitor infantojuvenil que a gestação de um bom livro leva tempo.
Nessa obra há descrições bem pintadas e poéticas da natureza praiana do sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Imaginação e fantasia transbordam numa aventura de um menino, Jal, representante do amor, da amizade, da pureza, companheirismo, lealdade e honestidade, ao mesmo tempo em que o narrador vai aprestando mitos brasileiros: Saci, Yemanjá, Sereia, e a cultura artística: Capoeira, Ticumbi e a cultura indígena. Apresenta animais com características quase humanas: a coruja, o cachorro e serpente. Faz paródias da Bíblia, por exemplo, na tentação de Jesus, e a do Paraíso, e a da passagem da Transfiguração. Jal passa por situações perigosas enfrentando o mau e tem contacto com o maravilhoso. Para dar verossimilidade ao relato traz um representante máximo do folclore do Norte capixaba, Hermógenes Lima Fonseca, em contacto com o personagem. Apresenta com detalhes e foto descritiva a Igreja soterrada de Itaúna, a paisagem e a atual situação.
Mas não, não poderia deixar de mencionar a obra de Luiz Serafim Derenzi, um escritor capixaba, Biografia de uma ilha, da Coleção José Costa; lançada em dezembro de 2019, na Biblioteca Municipal Adelpho Poli Monjardim, junto com outras obras como: Aeroportos, da “Coleção Escritos de Vitória, 34”; Patronos & Acadêmico, da Academia Espírito Santense de Letras; e Roberto Mazzini e outros navegantes, da Coleção Roberto Almada, 31. Foi publicada, em uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura (Semc) e a Academia Espírito-Santense de Letras. Na nova edição de Biografia de uma ilha, 2019, organizada e revista pelo acadêmico Francisco Achiamé, podemos apreciar reminiscências históricas de Vitória. Todas essas obras foram distribuídas ao público presente e às bibliotecas de escolas públicas.
Assim pode-se dizer que há uma pluralidade de obras literárias em Vitoria para um público variado desde a antológica, que oportuniza variedades de texto e autoras e mostra a produção da mulher literária nesta cidade, as crônicas, os ensaios, as poesias, os romances, as obras jornalísticas e as infantojuvenis. Haja leitor para tantas obras!!!
* Professora Emérita da Ufes, Presidente da AEL, Vice – Presidente da AFESL, Membro da APEES e do IHGES
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COMENTÁRIOS
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Postado por: Denise Moraes
14 JUL. 2020 às 02:01
Nas últimas décadas os escritores capixabas tem tido notório destaque e reconhecimento no Estado,
pelo pais e internacionalmente. O escritor deve manter contatos fora do estado para divulgar a nossa literatura.
A professora Ester, professor Francisco, bem como muitos seletos escritores capixabas tem enaltecido e feito um incansável trabalho nessa arte.
A professora Ester, sempre incansável na divulgação da literatura, principalmente destacando, pesquisando a mulher na literatura.
Parabéns pela preciosa matéria, professora Ester.
OBS: Se não interagirmos com escritores de outros Estados, não teremos chances de sermos conhecidos.
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Postado por: Martanézia
11 JUL. 2020 às 21:52
O informe resenhístico da professora Ester dá, por demais, da conta de reafirmar o grande valor literário dos escritos dos/das escritores/as capixabas, que uma vez escritos tornam-se registros permanentes da historiografia literária do e sobre Espírito Santo. Gratidão pela resenha, professora!
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Postado por: Vanda Luiza de Souza Netto
10 JUL. 2020 às 13:18
O Espírito Santo carece de valorizar seus autores e de formar leitores, uns não existem sem os outros. Sou de um estado em que os escritores locais são lidos e cultuados e fico triste em ver como é difícil por aqui. Ainda bem que existem os guerreiros das Letras, como Ester Abreu e Francisco Aurélio, que não desistem! Parabéns!
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Postado por: Carlos Bona
10 JUL. 2020 às 12:42
A literatura capixaba em momento de plena efervescência. As Academias atuando, criando assim estímulo e oportunidades para novos escritores/poetas. Que assim seja!
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Postado por: Luiz Alberto Carvalho Bittencourt
10 JUL. 2020 às 07:07
Professora e Embaixadora da Literatura no Espírito Santo divulgando escritos de nossa terra!!! Parabéns Professora Ester!
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Postado por: sonia maria da costa barreto
09 JUL. 2020 às 14:35
Parabéns!!!!!!
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Postado por: Márcio José Vieira de Oliveira
09 JUL. 2020 às 12:40
Excelente texto. Como é rica e diversificada a literatura capixaba, é motivo de nós orgulhamos muito do nosso Estado.
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Postado por: Alacir de Araújo Silva
09 JUL. 2020 às 10:23
Mto bom o texto: leitura leve e informativa.
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Postado por: Roberto Vasco
09 JUL. 2020 às 09:48
Ótima análise sobre a literatura capixaba e os esforços para seu desenvolvimento e criação de oportunidade de interfaceamento autor x leitor.