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23 JUL. 2020

Beethoven e a Alegria

Por Erlon José Paschoal *


Mesmo com o isolamento social e o confinamento impostos por uma pandemia, comemoram-se neste ano em todo o mundo os 250 anos de nascimento de um dos maiores músicos e compositores do Ocidente: Ludwig van Beethoven.


Ele nasceu em Bonn, na Alemanha, em 1770, e morreu em Viena, onde passou a maior parte de sua vida, aos 57 anos, pobre, quase na miséria, famoso, completamente surdo e muito doente, deixando à humanidade um dos mais grandiosos legados musicais e artísticos.


Tornou-se a partir de então um dos compositores mais populares do planeta. Afinal, quem não conhece a famosa abertura da 5ª Sinfonia, formada por três sons breves e um longo (tam, tam, tam, tammmm). Mesmo quem não o conhece, sabe do que se trata. A sua aparência desleixada, os cabelos desgrenhados, lembrando os de Einstein, tornou-se a imagem clássica do gênio incompreendido, com um olhar alucinado e penetrante. Dizem que era irascível, pouco sociável, até mesmo selvagem e muito orgulhoso de si, negando-se a se curvar diante dos poderosos e dos aristocratas que financiavam os músicos e quase toda a atividade artística na época. No único encontro que teve com Goethe, por exemplo, - contado por uma amiga de ambos, Bettina Brentano -, em que estavam passeando e conversando em um jardim público, eles teriam se cruzado com integrantes da família imperial: enquanto Goethe se desfez em mesuras e rapapés, Beethoven se manteve ereto e mal levantou o chapéu.

 

Mesmo não sendo músico, sou um profundo admirador de tudo aquilo que este gigante da cultura universal conseguiu criar e entregar à posteridade, apesar de ter tido uma infância difícil e ter enfrentado inúmeras adversidades, para sobreviver neste mundo e superar diversas doenças e dissabores. Otto Maria Carpeaux escreveu certa vez que a arte de Beethoven é o maior documento humano em música, e se ela desaparecesse de nosso horizonte espiritual, “a humanidade teria deixado de ser humana”.


Beethoven compôs sinfonias, sonatas, quartetos e obras para piano que surpreendem até hoje as almas mais sensíveis, mas sua vida e sua obra culminaram, sem dúvida, na estreia da 9ª Sinfonia, em Viena, em 1824, sua obra mais sublime, que se tornou no final do século XX o Hino da União Europeia. Uma obra que encarna como nenhuma outra, por assim dizer, o Zeitgeist, o espírito trágico, impetuoso, melancólico e universal do romantismo alemão, sobretudo, porque na estreia, Schiller, o autor do poema “Ode an die Freude” (Ode à Alegria), já havia morrido, e Beethoven estava completamente surdo. De costas para o público, próximo ao regente, ele não percebeu os aplausos intermináveis e o entusiasmo dos espectadores presentes naquele momento tão especial para quem ama a música.


A força e a beleza da presença do coro no último movimento da Sinfonia – a primeira na História da música com a participação de vozes humanas – parece ter sido preparado e anunciado alguns anos antes em sua única ópera “Fidelio”, com o coro irrompendo ao final em um tom de magnificência e afetividade. Um verdadeiro prenúncio do que estava por vir, alguns anos mais tarde.


Na 9ª Sinfonia, esta obra de gigante - como se fosse a síntese de uma vida dedicada à música, pois Beethoven morreu três anos depois -, o compositor conclama a humanidade, através da beleza dos versos de Schiller, a se unir e a se amar fraternalmente. Quase no final canta o coro:

               Seid umschlungen, Millionen!

               Diesen Kuss der ganzen Welt! 


               (Abracem-se, milhões! 

 Este beijo para o mundo inteiro!)


Esta apoteose encerrando a Sinfonia convida, exorta os seres humanos a serem mais fraternos, mais solidários, mais afetuosos. Esta explosão de Alegria e de Amor ecoa até hoje com muito vigor e muito lirismo, e ecoará por todo o sempre! Somos todos Beethoven!


* Gestor cultural, Diretor de Teatro, Escritor e Tradutor de alemão.

 


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COMENTÁRIOS

  • Postado por: marilena soneghet
    28 JUL. 2020 às 16:28

    Celebrar Beethoven é celebrar a Vida no que ela tem de mais sublime. Belo texto Erlon. Mit freundliche Grüsse - marilena
  • Postado por: ayle-salassié filgueiras quintão
    28 JUL. 2020 às 16:07

    Erlon, você sempre oportuno. Uma homenagem justíssima. Tem certas pessoas que se sobrepõem às virtudes humanas. Fico pensando em como Beethoven acompanhava a execução da uma sinfonia que ele mesmo fez, sem poder ouvi-la. Certamente, a tinha todo tempo na memória e, ele, solitariamente, conseguia ler as sonoridades e os tempos nos movimentos do maestro e nas entradas dos instrumentos que, parece, conhecia todos. Ele era a personificação da música. Parabéns, Erlon, e toquemos para frente. Acabo de escrever um livro intitulado \"Lanternas Flutuantes\", baseado na poesia de Friedrich Holderlin. Deve seguir para impressão em agosto.
  • Postado por: Guilherme
    23 JUL. 2020 às 07:44

    Parabéns Erlon e muito obrigado.....como é bom alguém que, em texto primoroso, nos informa e lembra dos grandes vultos da história da humanidade. Ao mesmo tempo prestando uma homenagem mais que justa, necessária.

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