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Crônicas & Contos

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03 NOV. 2020

Uma Capitania no Fim do Mundo


Erlon José Paschoal *


Não deve ter sido nada fácil levar a cabo uma pesquisa exaustiva em centenas de documentos, entre registros oficiais, correspondências de jesuítas, testamentos, cartas particulares, livros sobre os costumes da época, e inúmeras outras modalidades de documentação, para então escrever um romance utilizando todo este material. Nas palavras do autor, seu tom “é falsamente épico, pé no chão e farto em entrelinhas irônicas ou até mesmo agressivas aos olhares atuais mais sensíveis”, e narra a vinda do donatário Vasco Fernandes Coutinho para assumir e tomar posse da undécima capitania hereditária, depois chamada de Espírito Santo, recebida das mãos do então rei de Portugal Dom João IIII.


Pois bem, foi esta a façanha bem-sucedida empreendida pelo escritor, poeta, dramaturgo, historiador e roteirista de cinema e TV, Jovany Sales Rey. Trata-se na realidade do primeiro volume de uma trilogia denominada “Uma Terra no Fim do Mundo”, que traz o título de “O Donatário”, editado e publicado pela SECULT em 2014. Em quase 600 páginas, o autor relata a chegada do capitão-mor e de sua comitiva, composta em sua maioria por criminosos de todo tipo, degredados pela corte portuguesa, selecionados por Vasco dentre os vários condenados na Cadeia de Limoeiro em Lisboa. Diante do donatário “os condenados revelam euforia com a chance de se ver em liberdade, mesmo que em uma terra desconhecida, chegando a brigar por uma dianteira na fila”. O autor se concentra então na sucessão de encontros e desencontros, no esforço de erguer as primeiras construções e moradias nesta nova capitania e nas lutas e enfrentamentos intermináveis com os habitantes locais, sobretudo, contra os tupiniquins, os goitacás e os botocudos, nas duas primeiras décadas da colonização – entre 1534 e 1555 – e nas tentativas de dominação desta parte selvagem, indócil e tão bela ao Sul do Atlântico.


Dizem os livros de História utilizados em detalhes pelo autor que em 23 de Maio de 1535, o donatário e seu grupo de 63 colonos chegaram a bordo de sua única caravela, “Glória”, numa enseada junto a um rochedo, onde mais tarde seria construído um convento, sendo recebido pelos nativos na praia, com curiosidade, mas também com agressividade. Por ser domingo de Pentecostes, o lugar foi batizado então com o nome de Espírito Santo.


Ao ler uma obra com estas caraterísticas é sempre muito difícil distinguir entre a narrativa histórica fiel aos fatos e a criação literária que conduz e alinhava o enredo e as relações entre os personagens. De qualquer modo, a obra encanta o leitor com um ritmo fluente e uma composição rica dos tipos e personagens retratadas, com suas contradições pessoais diversas, na construção lenta, difícil e tensa dos dois primeiros povoados do Espírito Santo. Prevalecem os aspectos humanos e controversos naquele microuniverso composto por portugueses, outras etnias europeias e por variadas tribos indígenas residentes na região e, sobretudo, na figura do donatário e de suas forças e fraquezas.


Até culminar na decadência física e psicológica dos personagens centrais e no desalento de uma capitania que se negava a se desenvolver como imaginavam os portugueses. Sabemos que o donatário acabou empenhando e dissipando todos os seus bens para investir na capitania, e acabou morrendo pobre, desanimado, doente e desolado. Uma obra densa, mas acessível a todos, que mescla com maestria o relato histórico e a composição literária, tendo como cenário uma terra no fim do mundo onde “nada é o que parece e o que não parece às vezes é”.



* Gestor cultural, Diretor de Teatro, Escritor e Tradutor de alemão.


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COMENTÁRIOS

  • Postado por: Victoria G
    11 FEV. 2024 às 23:49

    Se um dia alguém me falasse que eu iria ler um livro sobre a Saga da Colonização do Espírito Santo, eu iria rir. E se me falassem que eu iria amar esse livro, eu não acreditaria. Mas, fala sério, esse livro é SENSACIONAL! Está no TOP 10 dos melhores livros que eu já li. (Não é igual, são obras bem diferentes, mas posso comparar com a delícia contada por Ariano Suassuna em o Auto da Compadecida). O autor (Jovany Sales Rey) é um artista. Esse livro é uma obra de arte. E claro, Vasco Fernandes Coutinho, ganhou uma nova admiradora.
  • Postado por: Joel Guilhermme Velten
    13 NOV. 2020 às 18:15

    Gostaria de saber se ainda existe cópia do livro O Donatario e onde consigo.Obrigado amigo Erlon.
  • Postado por: Joel Guilhermme Velten
    13 NOV. 2020 às 18:10

    Muito.interessante meu amigo.Será que ainda envontro um cópia do livro no arquivo público.Uma historia que mostra o porquê o ES mesmo sendo lovalizado na região sudeste, sempre foi um Estado mais atrasado.
  • Postado por: ayle-salassié filgueiras quintão
    11 NOV. 2020 às 13:16

    Bela lembrança e, provavelmente, o documentário ajudará muito a conhecer a história do Espírito Santo, essa \"terra no fim do mundo\". Vou tentar adquirir esse livro. Coincidência enorme, acabo de ler dois livros sobre a história do Espírito Santo: \"A República do Silêncio\", de um um professor de Caratinga chamado Flávio Mateus dos Santos; e \"A caminho do Leste\", do ex-ministro da Justiça (de Manhuaçu-Manhumirim) .Um fala da violência dos conflitos entre ES e MG para definição dos limites; outro, sobre a legislação que vigorou, até pouco tempo, definindo os limites de cada um. Também li, recentemente, um artigo - não me lembro do referencial - falando sobre os \"donatários\", em que se afirma que Vasco Fernandes Coutinho era o mais pobre deles, e que o ES foi dado a ele, porque era também uma das regiões mais difíceis de ser ocupados. Parabéns pelo artigo, e viva o Espírito Santo. Pensei em tomar um sol , em dezembro, em Anchieta, mas estou com receio do Covid. Abraços.
  • Postado por: Helder Gomes
    06 NOV. 2020 às 17:39

    Com esse tipo de gente, não poderia dar certo mesmo

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