• Anuncie
  • |
  • Responsáveis
  • |
  • Fale Conosco
  • |
Logomarca Debates em Rede Logomarca Debates em Rede
  • CAPA
  • ECONOMIA
    • Artigos
    • Infraestrutura e Logística
    • Inovação
  • POLÍTICA
    • Artigos
    • Notícias
  • CIÊNCIA
    • Artigos
    • Biológicas
    • Entrevistas
    • Sociais
  • POLÍTICAS SOCIAIS
    • Artigos
    • Educação
  • AMBIENTAL
    • Artigos
  • RESENHAS
    • Artigos
  • CULTURA
    • Artes
    • Crônicas & Contos
    • Vinhos
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • EXPEDIENTE
  • FALE CONOSCO

Artigos

  1. CAPA
  2. ›
  3. Resenhas
  4. ›
  5. Artigos

04 ABR. 2022

As Forças que nos Movem


Erlon José Paschoal*


Friedrich Nietzsche nasceu em 1844 e morreu em 1900. Viveu pouco, mas sua obra continua influenciando pensadores em todas as partes do mundo. Passou os últimos dez anos de sua vida inicialmente em um manicômio e depois sob os cuidados de sua irmã. Deixou para a posteridade uma obra potente e altamente explosiva, no tocante às críticas das ideologias, das crenças e das tradições que fundamentam a cultura ocidental.

Sua obra mais conhecida e mais traduzida é sem dúvida “Also sprach Zarathustra” – Assim Falou Zarathustra -, na qual um personagem semelhante a um profeta bíblico desce à planície depois de dez anos isolado em uma montanha para anunciar a todos a morte de Deus e o advento do novo homem, o homem para além do homem, o Übermensch, e a morte de Deus, embora quase ninguém lhe dê ouvidos.

Mas seu primeiro livro “Die Geburt der Tragödie” – O Nascimento da Tragédia - foi uma de minhas leituras marcantes durante os anos de estudo da arte e do fazer teatral. Publicado pela primeira vez quando Nietzsche tinha 25 anos foi mal recebido pela crítica especializada e pelos meios acadêmicos, e só em sua reedição quatorze anos depois, em 1886, é que despertou o interesse de leitores importantes. O subtítulo inicial – “aus dem Geist der Musik – Do Espírito da Música”, uma referência a uma expressão sempre utilizada pelo compositor Richard Wagner, passou a ser então: “Oder Griechentum und Pessimismus – Ou Grécia e Pessimismo”.

Para quem leu a obra ou críticas a respeito sabe que ela se organiza em torno de três abordagens. A primeira – a que mais atraiu a minha atenção – foi a origem e a finalidade da tragédia grega, que para Nietzsche representa a aliança e a junção de dois princípios, de duas forças antagônicas e complementares: o apolíneo e o dionisíaco. Para o autor, o progresso da arte está ligado a esta duplicidade, tal como a relação presente na dualidade dos sexos em constantes enfrentamentos e reconciliações periódicas. As duas forças – baseadas nas características dos deuses gregos Apolo e Dionísio – atuam de maneira conjunta, ora prevalecendo uma, ora prevalecendo outra na dinâmica da vida. De um lado o apolíneo: o cosmos, a ordem, a serenidade, a medida, a razão, a contenção, o equilíbrio. De outro o dionisíaco: o caos, a embriaguez, o êxtase, os instintos, o entusiasmo, os desejos, o Eros, o prazeroso, o desmedido.

Segundo Nietzsche, a tragédia grega une estas duas forças, os dois princípios metafísicos, as duas pulsões da natureza e da arte, e sobretudo une as duas linguagens nela presentes: a música e o teatro, o canto, a palavra e a cena, em uma simbiose única que fez dos gregos “nossos guias luminosos”. O crítico Roberto Machado esclarece: “Nietzsche pensará a música como uma arte essencialmente dionisíaca e, portanto, o meio mais importante de superar a individualidade. Mas, se a música é o principal elemento que permite explicar o nascimento da tragédia, para dar conta totalmente desse fenômeno artístico, Nietzsche acrescenta à música, seu componente dionisíaco, os componentes apolíneos: a palavra e a cena. O que o faz definir a tragédia como um coro dionisíaco que se descarrega em um mundo apolíneo de imagens. Esse mundo de imagens criado pelo coro é o mito trágico, que apresenta a sabedoria dionisíaca através do aniquilamento do individuo heroico e de sua união com o ser primordial, o uno originário.”

No restante da obra, Nietzsche critica Eurípides e Sócrates, a quem atribui a morte e o fim da arte trágica grega, por terem subestimado o princípio dionisíaco. E por fim, a tentativa de reencontrar a concepção trágica da existência em criações culturais de sua época, como nas óperas de Richard Wagner, por exemplo, a quem o livro foi dedicado. Nelas pulsam novamente as divindades gregas, um alento para Nietzsche, pois só como fenômeno estético, a vida humana pode ser justificada.

Para além da tragédia grega e até mesmo para além do teatro é possível constatar a intensidade e a presença destes dois princípios norteadores das artes – o apolíneo e o dionisíaco – configurando a existência humana e inúmeras de suas manifestações. São talvez as forças que nos movem…..Nietzsche continua sempre vivo.


* Gestor Cultural, Diretor de Teatro, Dramaturgo, Professor e Tradutor de Alemão.


POSTAR UM NOVO COMENTÁRIO

COMENTÁRIOS

  • Postado por: Maria das Graças
    08 ABR. 2022 às 06:47

    Artigo de profunda teoria e conhecimento. Bravo! 👏👏👏
  • Postado por: ayle salassié filgueiras quintão
    06 ABR. 2022 às 19:12

    foi a origem e a finalidade da tragédia grega, que para Nietzsche representa a aliança e a junção de dois princípios, de Muito pedagógico o seu texto. Se permitir, vou enviá-lo para um blog para o qual escrevo em São Paulo. \"[...]duas forças antagônicas e complementares: o apolíneo e o dionisíaco[...] configurando a existência humana e inúmeras de suas manifestações. São talvez as forças que nos movem[...]\" Os gregos foram fantásticos mesmo, e Nietsche os complementou. Explicar a existência humana não é fácil. Atrás isso, dando forma à sociedade, vem tantas coisas, até a divisão social do trabalho, inclusive, as diferenças sociais. Parabéns.
  • Postado por: Ester Abreu Vieira de Oliveira
    06 ABR. 2022 às 17:09

    Muito boa a síntese da vida e obra de Nietzsche.

LEIA TAMBÉM


Resenhas| 17 MAR. 2025 Karl Marx e a Luta pela Emancipação Humana
Resenhas| 16 DEZ. 2024 Que fim levaram todas as flores?
Resenhas| 18 MAR. 2024 Nascimento, auge e declínio do estado e da democracia: para onde vai a sociedade?
Resenhas| 31 JAN. 2024 OS DOIS PRIMEIROS LIVROS DE 2024
Resenhas| 31 AGO. 2023 Problemas e Limites da Teoria monetária Moderna- MMT e das Finanças Funcionais
Utilizamos cookies para que você tenha a melhor experiência do nosso site. Ao contínuar navegando em nosso site, você concorda com o uso de cookies.  Saiba mais.
Eu concordo
  • CAPA
  • ECONOMIA
  • POLÍTICA
  • CIÊNCIA
  • INOVAÇÃO
  • AMBIENTAL
  • RESENHAS
  • CULTURA
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • RESPONSÁVEIS
  • FALE CONOSCO
Logomarca Debates em Rede

É um espaço para quem gosta de escrever, de ler e de ter opiniões bem fundamentadas sobre economia, política, ciências, inovação e outros temas que afetam o cotidiano das pessoas, sempre por meio de artigos, notas, comentários e informativos facilitadores do debate e da reflexão. Ao leitor há sempre espaço reservado para interagir com os articulistas, basta registrar o comentário ao final do texto.

RECEBA NOSSOS INFORMATIVOS

FIQUE CONECTADO

© 2025 DEBATES EM REDE | Política de Privacidade

ClickAtivo Desenvolvimento de Seftware