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08 AGO. 2022

A HIPOCRISIA VESTE VERDE E AMARELO


Guilherme Lacerda*  


Hipocrisia. Não há palavra melhor para entender a “Marcha para Jesus” do último sábado (24 de julho), que se transformou em um acontecimento político de repercussão nacional. Foram milhares de participantes formando uma onda de claridade étnica e de grupo social privilegiado que bradavam palavras de louvores a um político militar classificado como “mito”, o qual receberam com júbilo e orgulho.  

Etimologicamente, hipocrisia corresponde ao ato de dissimular, de falsificar, ou seja, que distorce a realidade e a mistifica. No Velho Testamento o hipócrita foi a qualificação dada aos ímpios, àqueles que se afastaram de Deus e, no Novo Testamento encontra-se a citação de que hipócritas são aqueles que expressam sentimentos e emoções fingidas. Hipócritas foram os fariseus que propunham fidelidade à tradição.

 

É triste constatar a pregação cristã em nome do Senhor Jesus, a corporificação de Deus, que se fez homem para nos salvar, associado com discursos de intolerância e ameaças aos que com eles não se identificam. Dentre os organizadores, um grupo se destacou pela defesa da difusão de armas para a sociedade e, para fortalecer esta mensagem, desfilaram com um carro alegórico de um Revólver 38. Quanta hipocrisia! Negam o sagrado mandamento “Não matarás!”.


Grupos de evangélicos neopentecostais e católicos conservadores se uniram para exaltar um chefe que elegeram como um ser especial, um “mito”, que os lidera em nome dos bons costumes e dos valores cristãos. Quanta hipocrisia! Um dirigente que assusta o mundo por suas atitudes e manifestações; que fez loas à tortura; que agrediu mulheres e minorias; que rispidamente respondeu a um concidadão que deixasse de comprar feijão para comprar fuzil; e que ameaça diuturnamente a democracia e as instituições que a integram, avançando sem acanhamento numa escalada golpista. 


A opção por um Brasil em que predomina a perigosa divisão na sociedade entre um pseudo “bem” contra um pseudo “mal” poderá levar a consequências imprevisíveis e aqueles que a fortalecem serão responsáveis pelo que vier. 


O passado do dirigente endeusado o condena. Oriundo da caserna, teve uma carreira pouco exemplar, interrompendo-a como oficial de baixa patente, sujeito de um inquérito militar e de palavras nada elogiosas de generais na etapa final dos governos militares. Depois, foi um político sem expressão por 28 anos, destacando-se por eleger seus filhos na “velha política”, a qual passou a denunciar em nome de uma irreal renovação. Uma grande farsa! 

 

O verde e amarelo que predominou, inclusive colorindo e agredindo pombas - símbolo da paz - encobre comportamentos que agridem a nossa história. O entusiasmo com os EUA e com Trump sustentou até mesmo o gesto de continência para uma bandeira que não é a nossa. Um dirigente que tem como principal condutor da economia uma pessoa que mantém no exterior suas riquezas financeiras pessoais; que adota discursos e gestos constantes de agressão a líderes internacionais. Que fez do Brasil um pária internacional. Quanta hipocrisia!  


A negação da realidade se espalha. Os manifestantes de agora agridem o passado e encobrem o presente. Denunciam a torto e a direito a suposta corrupção de antes, inflada e mistificada pela mídia corporativa, a qual incensou membros do judiciário e do Ministério Público que, depois, se revelaram verdadeiros agentes de injustiça, exercendo a negação do que haviam jurado cumprir.  Que triste ver que os mesmos de antes continuam a atravessar a ponte sem pudor de terem apoiado a interrupção de um mandato presidencial legítimo. Um golpe que desorganizou profundamente o país e deu início a um período de horror, com impactos perversos sobre a sociedade, penalizando principalmente os mais pobres e levando à miséria e fome cerca de 33 milhões de patriotas. 


Quanta hipocrisia afirmar que a corrupção acabou! A lista é longa: o vergonhoso “orçamento secreto”, junto com os tratoraços, ônibus escolares e caminhões de lixo; os abusos e negócios nebulosos na educação, no meio ambiente “passando a boiada”, no desprezo à ciência e o pior, nas transações reprováveis e comprovadamente ilegais na saúde, no momento em que o povo mais precisava de seus líderes. E tudo protegido imoralmente por cem anos de sigilo. 


Quanta hipocrisia ver milhares alardeando em nome da família e dos valores cristãos e aplaudindo quem debochou das vítimas de uma pandemia que parou o mundo; de um dirigente incapaz de visitar um hospital ou uma família que perdeu seu ente querido; de um mandatário que caçoou de quem ficava sem ar com a COVID-19, de quem rispidamente respondeu que não era coveiro, não acreditava na vacina e por isso retardou sua aquisição e insistiu em tratamentos reconhecidamente inúteis. Uma péssima gestão na saúde. A consequência foi nosso país ser o segundo em número de óbitos e ter uma das maiores médias do mundo, com 2,7% de toda população mundial e quase 13% do total de vítimas fatais. 


É indignante perceber que a marcha dos insensatos é composta predominantemente por profissionais liberais, funcionários públicos de alto e médio escalão, autônomos e empresários. Todos foram favorecidos em governos anteriores do partido que depois escolheram para odiar e taxarem seus dirigentes de bandidos. Hipócritas! Foram tempos de estabilidade econômica, respeito às regras e contratos, disciplina fiscal e políticas eficazes que transformaram o Brasil e o fez respeitado em todo o mundo.

 

Quanta hipocrisia quando se constata a mistificação de falsos líderes religiosos que esbravejam contra “comunismo e socialismo” em nome de um Cristo que repudiaria suas atitudes. Falsos profetas. Esquecem-se que, em 2003, o ex-Presidente da República que hoje atacam sancionou a Lei 10.825 que fortaleceu o princípio da liberdade religiosa, excluindo qualquer tipo de intolerância. 

 

É doloroso ver o entusiasmo de milhares de “bem-nascidos” com a pregação enganosa, hipócrita, de uma criatura que não acredita na democracia; que vive obcecado com os clubes de tiro e avisa que se perder, o seu principal concorrente transformará cada um deles em bibliotecas; um presidente que reduz os impostos sobre armas e eleva os incidentes sobre livros. 


A conclusão a que se chega é que se nada disso incomoda a tantos seguidores só pode ser porque eles são iguais ao que os lidera.  

Enfim, essa é a realidade que falseiam. Se Jesus vivesse hoje, na certa, jamais participaria de uma marcha como a que se viu e nem deixaria que usurpassem o verde e amarelo de nossa pátria. 


*Economista e professor universitário.

Foto: reprodução internet

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COMENTÁRIOS

  • Postado por: JOSE EDUARDO DA CRUZ DEL ESPOSTI
    22 AGO. 2022 às 11:52

    Muito boa a reflexão. Texto sóbrio, sereno, lúcido, recheado de verdades . Pena que os manifestantes capixabas do 24 de julho de 2022 e seus confrades não passam por esta avenida/canal progressista. Mas, por outro lado, se lessem o valioso texto, muitos deles não seriam capazes de compreendê-lo, dado que o fanatismo cauteriza as mentes e fura os olhos, causando um \"apagão cognitivo\".
  • Postado por: Magno Araujo
    09 AGO. 2022 às 10:07

    Os romeiros sobem a ladeira cheia de espinhos, cheia de pedras, sobem a ladeira que leva a Deus e vão deixando culpas no caminho. Os sinos tocam, chamam os romeiros: Vinde lavar os vossos pecados. Já estamos puros, sino, obrigados, mas trazemos flores, prendas e rezas. No alto do morro chega a procissão. Um leproso de opa empunha o estandarte. As coxas das romeiras brincam no vento. Os homens cantam, cantam sem parar. Jesus no lenho expira magoado. Faz tanto calor, há tanta algazarra. Nos olhos do santo há sangue que escorre. Ninguém não percebe, o dia é de festa. No adro da igreja há pinga, café, imagens, fenômenos, baralhos, cigarros e um sol imenso que lambuza de ouro o pó das feridas e o pó das muletas. Meu Bom Jesus que tudo podeis, humildemente te peço uma graça. Sarai-me Senhor, e não desta lepra, do amor que eu tenho e que ninguém me tem. Senhor, meu amo, dai-me dinheiro, muito dinheiro para eu comprar aquilo que é caro mas é gostoso e na minha terra ninguém não possui. Jesus meu Deus pregado na cruz, me dá coragem pra eu matar um que me amola de dia e de noite e diz gracinhas à minha mulher. Jesus Jesus piedade de mim. Ladrão eu sou mas não sou ruim não. Por que me perseguem não posso dizer. Não quero ser preso, Jesus ó meu santo. Os romeiros pedem com os olhos, pedem com a boca, pedem com as mãos. Jesus já cansado de tanto pedido dorme sonhando com outra humanidade Romaria - Carlos Drummond de Andrade
  • Postado por: Guilherme Pereira
    09 AGO. 2022 às 08:00

    Um texto lúcido e corajoso. Retrata com com clareza aquilo que hoje, para muitos pensadores, é incompreensível. Por que os princípios cristãos, nos quais milhares de pessoas foram educadas, agora são colocados no lixo em profunda cegueira? Parabéns ao autor pelo seu momento de sábia inspiração.

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