Ester Abreu Vieira de Oliveira*
O homem tem a vida finita e procura diversas maneiras de camuflá-la com enaltecimento de procedimentos e atitudes. São esses desejos de perenidade que o levaram a criar objetos, reproduzindo imagens visuais pelo desenho ou por uma forma talhada em pedra ou organizada com barro, palha ou com outra matéria prima. É esse anseio que o induziu a formar imagens sensoriais pela música ou a anotar palavras no barro, vegetal, animal ou papel, em forma de rolos ou de livros, ou, ainda, a querer registrar dias comemorativos de feitos heróicos, para preservar ações louváveis. Também, é a vontade de eternizar sua pretensão que o impeliu a criar a escrita. Esta vai servir-lhe como memória individual ou coletiva.
A criação do alfabeto possibilitou o surgimento da arte de escrever e, assim sendo, temos que destacar o livro, e sua individualidade, apesar de cada livro levar em seu interior letras, traços, vírgulas e acentos, e ter numa Biblioteca, maiormente seu recanto, espaço em que Jorge Luis Borges em “A Biblioteca de Babel”, em Ficções, considera que “existe ab aeterno”, que “suspeita que a espécie humana – a única - está por extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, aramada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta.”.
A Biblioteca é um universo. Suas prateleiras registram “todas as possíveis combinações dos vinte e tantos símbolos ortográficos”, reafirma Jorge Luis Borges, na obra citada, mas, ainda, declara que ela contém “todos os livros, por diversos que sejam” esses “possuem elementos iguais: o espaço, o ponto, a vírgula, as vinte e duas letras do alfabeto.” Assim, no dia 29 de outubro a Biblioteca, essa guardião dos livros não poderia ser esquecida.
Eu tenho a minha biblioteca, resultado de meu trabalho nesses mais de meio século de leituras. Nela passo uma grande parte de horas. Nela há objetos que me recordam os livros e os que os escreveram, mas é um espaço íntimo, e pequeno diante das três bibliotecas públicas de Vitória: federal, estadual e municipal, que recebem leitores ansiosos pelo saber e são registradas com nomes de pessoas exemplares do nosso estado.
A Biblioteca da Ufes Fernando de Castro Moraes, educador, professor da Ufes e Pro-Reitor Acadêmico; Biblioteca Estadual Levy Rocha professor, jornalista, historiador e cronista e a Municipal Adelpho Polli Monjardim, político, prefeito de Vitoria em mais de uma gestão, escritor romancista e esportista.
* Escritora, Profª Emérita da Ufes, Presidente da Academia Espírito-santense de Letras