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Crônicas & Contos

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17 NOV. 2022

“O Corvo” de Edgar Allan Poe


Por Erlon José Paschoal *


Edgar Allan Poe nasceu em 1809 em Boston, nos Estados Unidos, e faleceu em 1849 em circunstâncias de extrema pobreza e por causas desconhecidas. Apesar de ter vivido apenas 40 anos deixou uma obra vasta e única, que exerceu enorme influência no desenvolvimento da escrita literária no mundo ocidental.


Foi contista, poeta, editor e crítico literário, e suas histórias sempre misteriosas e repletas de suspense, terror e morte, foram lidas e traduzidas em inúmeras línguas. Considerado o criador do romance policial e da ficção de terror, era também um exímio poeta, além de um hábil e engenhosos construtor de histórias de crimes e detetives, que influenciaram muitos outros escritores, entre eles, Conan Doyle, o criador de Sherlock Holmes.


Entre seus contos mais conhecidos estão “A Queda da Casa da Rua Usher”, “Os Assassinatos da Rua Morgue”,  “O Gato Preto”, “Willian Wilson” e o “O Escaravelho de Ouro”. Teve também várias de suas obras adaptadas para o cinema. Recentemente, três de seus contos foram adaptados para o teatro aqui em Vitória, entre eles, “O Coração Delator”, que deu título ao espetáculo.


Uma de suas obras sempre citadas, por seu conteúdo analítico sobre a criação poética, é “A Filosofia da Composição”, um ensaio sobre a estrutura e a composição de seu poema mais famoso “O Corvo” (The Raven). Há uma boa edição dessa obra pela Editora 7 Letras, com tradução de Léa Viveiros de Castro. O poema “O Corvo”, aliás, teve traduções feitas por grandes escritores, entre eles, Machado de Assis e Fernando Pessoa para o português, e Baudelaire e Mallarmé para o francês.


“O Corvo” se compõe de 18 estrofes de 6 versos, num total de 108 versos, concatenados em um ritmo enriquecido por rimas internas e aliterações e por um famoso refrão ao final de cada estrofe: “never more” (nunca mais), que envolve o leitor e o mantém atento ao desenrolar da cena e aos sentimentos de perda, de esperança e de angústia expressos pelo Eu lírico.


A situação que desencadeia o poema é simples: em uma anoite assolada por uma tempestade, o Eu lírico, cuja amada Lenore havia falecido há pouco, está lendo um livro de ciências antigas, e de repente escuta uma batida que ele pensa ter sido na porta, mas que, ao abri-la e não ver ninguém, constata que o som viera da janela. Ele a abre e um corvo entra esvoaçando com gravidade e soberba e pousa no alto do busto de uma estátua de Pallas Atena. Atônito, o amado pergunta como ele se chama e o corvo surpreendentemente responde “never more” (nunca mais). Ele então pergunta sobre a sua amada e se vai voltar a vê-la e a resposta é sempre a mesma: “never more”.


No ensaio sobre o poema, Edgar Allan Poe assinala que sua primeira opção foi pela beleza enquanto “excitação ou  elevação agradável da alma”. O que nos faz lembrar da famosa frase de Dostoievski em “O Idiota”: “A beleza salvará o mundo”. A partir daí, o autor refletiu sobre a dramaticidade e o tom mais adequado que deveriam provocar as “lágrimas nas almas sensíveis”, e decidiu que a melancolia seria o “mais legítimo de todos os tons poéticos”, uma característica, aliás, típica do Romantismo.


Em seguida fez a escolha do refrão curto, forte e sonoro com a vogal “o” em conexão com a consoante “r”: “never more”. Vale lembrar também que “never” é o anagrama da palavra título do poema “raven”. Com tudo isso elaborado era preciso então juntar o corvo com o amante solitário, e os colocou em um espaço fechado, um quarto ricamente mobiliado em uma noite tempestuosa e sombria. E assim se fez o poema.


É curioso como o autor em seu ensaio racionaliza a tal ponto a criação do poema que dá a impressão de ter sido uma arquitetura puramente técnica, sem inspiração, quase matemática, algo tão caro aos estruturalistas no século XX, como ele se fosse um escultor esculpindo uma obra-prima. Escreve o autor: “É meu desígnio tornar manifesto que nenhum ponto de sua composição se refere ao acaso, ou à intuição, que o trabalho caminhou, passo a passo, até completar-se, com a precisão e a sequência rígida de um problema matemático.”


Mas o que vale mesmo para o leitor de todas as épocas é realmente a beleza, a musicalidade, a energia, o mistério e a perfeição desse precioso poema da literatura universal. Vale a leitura.



* Gestor cultural, Diretor de Teatro, Escritor e Tradutor de alemão.




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COMENTÁRIOS

  • Postado por: Wilson Coêlho
    17 NOV. 2022 às 22:54

    Parabéns, Erlon! Bela reflexão. Tenho um livro com esse poema, tradução de Fernando Pessoa e prefácio de Charles Baudelaire.

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