Adolfo Breder
Onde será o próximo terrível atentado? Em 2001, foram atrevidamente dar uma mordida na Big Apple do Tio Sam e um xeque mate em suas Torres Gêmeas. Nesta semana, um caminhão de intolerância atingiu Nice levando centenas de mortos e feridos.
No Brasil, os atentados são homeopáticos e diários. Na periferia vai se acumulando a morte em depoimentos pessoais. O fantasma do terror impede o livre direito de ir e vir e impõe regras marginais de convivência em comunidade. Os eventos violentos estão no nosso cotidiano e não carecem de planejamento ou cultivo. Brotam como ervas daninhas no solo das oportunidades mais improváveis.
Dia desses, em plena Avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, o habilíssimo gatuno, num triz, forçou e abriu a janela do ônibus pelo lado de fora e arrancou o celular da jovem passageira aterrorizada, que ficou congelada. As balas achadas em vidas perdidas já possuem placares atualizados diariamente na mídia: um escândalo comparável às estatísticas das guerras cruéis instaladas há tempos em remotas republiquetas opressoras.
Daqui a poucos dias começam os Jogos Olímpicos. Nas ruas cariocas um enorme aparato bélico prepara-se para conter o imponderável. Milhares de estrangeiros atletas, jornalistas, turistas e torcedores estarão sob a guarda dos guardas. E nós cidadãos? Que continuaremos a vida longe dos holofotes? Centenas de pontos de tiroteio são registrados semanalmente nas favelas. Será que a Segurança estará distraída pelos sotaques visitantes e vai fazer vistas grossas para os ataques do fino da malandragem nacional?
No período olímpico as pessoas assustadas estão planejando circular menos por aí! Idosos declaram que estão estocando gêneros no seu bunker particular. Eles recusam-se a acompanhar os eventos mesmo que pela fresta.
Não adianta acender os faróis nas vias: já pressentimos o terror do legado duradouro das dívidas das obras inconclusas e majoradas às pressas.
O próximo ataque já aconteceu: dentro de nós.
Foto: Autor e detalhe de painel pintado em rua do Centro do Rio de Janeiro.
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