Por Ricardo Coelho dos Santos*
Estamos às vésperas de mais uma eleição. Como já disse um noticiário nacional, “a festa da democracia”. Na minha humilde opinião, mais para festa do que para democracia.
Desde que me entendo como eleitor e somado com o que tenho aprendido com negócios empresariais, descobri, finalmente, que o maior produto dos candidatos não são suas inteligências, integridades, personalidades, disposições e empatias com as necessidades populares e cívicas. Seus maiores produtos são as promessas. Mesmo aqueles que dizem “que não prometo nada”, colocam um “mas…” encravado sutilmente em seu discurso.
Não os condeno por isso. Uma vez, me revelaram num encontro com empresários: “Prometa… Eles querem uma promessa! Não importa se você não os cumpra!”. Esse é o espírito do povo brasileiro, não importando qual nível social!
Bom…. Eu não prometi para a decepção do encontro. Minha educação não me permite prometer nada! Devo cumprir aquilo que se faz necessário, e, por isso, me recusei ser candidato a vereador há muitos anos atrás. O convite foi uma honra para mim, mas tamanha honra, não conseguiria dar conta. E ainda não consigo!
Mas não são as promessas que me seduzem e me fazem escolher um candidato ou outro, principalmente em se tratando de eleições municipais. É o comportamento deles e dos seus cabos eleitorais.
Não nos enganemos. Os cabos eleitorais não estão trabalhando de graça. Eles também estão atrás de promessas – essas, mais fáceis de serem cumpridas que as que fazem às populações em comícios e na mídia. Se luta por um prefeito na esperança de se obter um cargo qualquer. Se luta por um vereador para que a rua seja calçada, melhorando o lucro do comércio ou, quiçá, da melhoria de vida dos seus moradores. Faz-se campanha pelos parentes para melhorar a renda da família e assim por diante. Claro, alguém vai ler isso e berrar: “Eu não sou assim!”. Mas, os poucos movidos pela ideologia sabem que isso é verdade para a esmagadora maioria dos candidatos.
Por isso, deixo o aviso aos candidatos: é pelo comportamento dos senhores e dos seus cabos eleitorais que guiarei meu voto. Na verdade, estou sendo guiado pelo o que os senhores e seus assessores e secretários serão depois das suas eleições.
Darei alguns exemplos sobre o meu comportamento ante os dos candidatos e seus apoiadores.
Estava eu dirigindo meu carro quando entrou abruptamente, na minha frente, outro veículo, vindo de uma rua lateral. Invadiu repentinamente a preferencial, me forçando a dar uma freada brusca. Quase que bati e seus ocupantes me xingaram de tudo quanto foi nome dos seus repertórios culturais. Era um veículo fazendo campanha a uma candidata a prefeita. Era a minha candidata. Era. Deixei de votar nela. Mais tarde, a encontrei derrotada e lhe falei porque não tinha votado nela. Ela protestou com educação, alegando que não poderia ser responsável pelo comportamento do seu pessoal. Respondi que ela era responsável pelas suas escolhas.
Isso se repetiu. Um automóvel me ultrapassou numa ponte na BR 101 e, por causa de outro veículo que vinha, me fechou. A propaganda ostensiva do candidato me fez decidir votar em outra pessoa.
E por aí, vai. Moro em Vila Velha, Praia da Costa, bairro outrora tranquilo, agora transformado em uma série de corredores de vidro e concreto que sabem muito bem canalizar o vento e ampliar todos os sons da rua. Um candidato passou com um carro de som a todo volume debaixo da minha janela. Um voto a menos. Nem sei se meu voto pesou, mas ele não foi eleito.
Isso, sem contar com o tapete de santinhos nas ruas e a insistência dos desconhecidos que me abordam para fazer boca de urna. Sim, já mudei meu voto por esse motivo.
Recebi e recebo várias críticas de que meu comportamento não é adequado, sendo até injusto. Mas é um comportamento de mercado. Na verdade, de supermercado. A gente analisa para a compra do que se vê, em primeiro lugar. Por isso, as campanhas ainda são importantes. Depois, a gente analisa os rótulos: teor de açúcar, sódio e gordura trans, por exemplo. E ainda verifica a embalagem: se está intacta ou amassada. Qualquer não conformidade me fazem trocar o produto por um igual, ou de outra marca, ou mesmo deixar de comprá-lo.
Senhores candidatos: os senhores estão na gôndola do grande supermercado eleitoral. Tratem de serem bem vistos não só nas aparências como nos detalhes. E ainda aviso: não faço compra em camelôs ou em lojas suspeitas e seus vendedores também devem se mostrar confiáveis.
A escolha é minha. O critério é meu. Criticado ou não, alguns conhecidos meus estão adotando o mesmo critério.
Boa sorte para os senhores. E, se eleitos, não realizarem um bom trabalho, não terão meu voto, também!
Saudações desse eleitor que quer tudo de bom para minha cidade, meu estado e meu país.
*Engenheiro e Escritor