Por Túlio Bambino*
Em tempos de opulência áudio visual com seriados mil da HBO, Netflix, virais de YouTube, canais a cabo com suas exibições de títulos sob demanda em televisores espertos de telas maiores que 42 polegadas, ir ao velho cineminha assistir uma projeção em tela grande de verdade, naquela sala escura feita só para isso, sem direito a comidinhas, telefonemas, banheiros e outras tantas pausas, que inventamos para interromper uma história formatada para ser contada sem paradas, parece ser cada vez mais um ato fora de moda.
Os Títulos de filmes do circuito de cinemas se renovam com voracidade, todo final de semana, lançamentos e mais lançamentos das mais diversas tramas, equipes, nacionalidades, gêneros e sei lá eu quantas outras caixinhas que estejam em uso por aí. Quem gosta de ver uma boa fita, não gosta de andar sozinho, mas também não quer ser tocado como gado, pelo menos não das formas mais óbvias de saturação de salas e suas estampas em baldes de pipocas. Mas estratégias de Marketing, tampas soltas de bueiros e doenças contagiosas estão aí para nos pegarem.
Fui assistir Aquarius sem saber de sua trama, porém atento a tudo aquilo que tem acontecido no final de suas sessões, saí de casa pensando em lá pelas tantas também gritar o bordão de Fora Cristopher Lee, Bela Lugosi e todos os demais vampiros do planalto. Além disso, o filme traz para a tela grande nossa eterna Gabriela, na pele de Clara, uma escritora reclusa, moradora de um prédio velho, lote filé para lançamento imobiliário beira mar em Recife. Clara é apresentada como uma mulher quase reclusa, solitária, sobrevivente entre outras qualidades. Ela se recusa a vender o apartamento onde mora, mesmo sendo a última habitante do condomínio, enfrenta os truques e artimanhas dos incorporadores que apenas esperam o aceite de Clara para colocarem abaixo o prédio falido. Por agora mais não falarei, o filme ainda está em cartaz e não seria legal explodir o seu final por aqui.
Quando acabou o filme, eu só queria ir embora. O Fora Temer foi uma estratégia de Marketing e nada mais.
*Túlio Bambino é carioca, filho dos anos 60. Graduado em Física na Universidade Federal Fluminense tem Mestrado em Ótica. Gosta de fotografar. Pós Graduado na UCAM em Educação; Obteve graduação pela Universidade Estácio de Sá em Cinema em 2007. Realizou alguns curtas-metragens de ficção e documentários. Gosta de abordar temas limítrofes tanto em estética quanto em temática.