Adolfo Breder
O tempo das letras miúdas já passou! Não dá mais para enganar o consumidor colocando as contrariedades em caracteres carentes de lupas. As artimanhas agora são outras. São deslavadas. Se você for consumidor de serviços públicos, aí é que vai ficar totalmente desprotegido. Não está coberto pelas atenções do PROCON!
Se votou errado e só descobriu depois, não tem prazo de devolução, não tem garantia contra vícios de fabricação e outros vícios imorais. Você paga e não leva educação, saúde, segurança.
Que saudade das miudinhas. Se a gente parasse para ler, podia se defender. Mas agora tudo é explicitado em letras garrafais. Os corruptos criam planos de negócios mirabolantes com estratégias que demandam anos, décadas para sua concretização. Levam do erário o que podem e sacam com favores jeitosos seus nacos percentuais das privadas onde defecam suas consultorias.
E estas caravanas partidas passam de mandato em mandato e nem ladramos, contrariando o antigo ditado! Será que “de tanto levar flechada do seu olhar” tornamo-nos apáticos? Vivemos com as sobras e ainda achamos que é dádiva?
O leitor amigo José Pinto Monteiro, na crônica anterior, comentou estar preocupado com a possibilidade de que mais de 50% dos eleitores não comparecerão para exercer seus votos nas eleições municipais que se aproximam. Pode ser. Pode não ser. Não é o tamanho das letras que esconde as violações e más intenções. É nossa miopia, nossa indiferença com o que pertence a todos. Se antes escondiam, agora inundam com informações, que nos deixam confusos, irritadiços, perturbados com tanto descalabro. Os aproveitadores, com seu padrão global de comunicação transtornante, incendeiam a pira olímpica de nossas desilusões, que caminha a passos cadenciados em cada vila, distrito e cidade do país, deixando seus rastro de incredulidade.
O cronista teme, como é de Temer, que estamos iniciando um novo tempo de direitos miúdos. Que assim não seja!
Foto: do autor – manifestação numa rua do Rio de Janeiro.
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