• Anuncie
  • |
  • Responsáveis
  • |
  • Fale Conosco
  • |
Logomarca Debates em Rede Logomarca Debates em Rede
  • CAPA
  • ECONOMIA
    • Artigos
    • Infraestrutura e Logística
    • Inovação
  • POLÍTICA
    • Artigos
    • Notícias
  • CIÊNCIA
    • Artigos
    • Biológicas
    • Entrevistas
    • Sociais
  • POLÍTICAS SOCIAIS
    • Artigos
    • Educação
  • AMBIENTAL
    • Artigos
  • RESENHAS
    • Artigos
  • CULTURA
    • Artes
    • Crônicas & Contos
    • Vinhos
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • EXPEDIENTE
  • FALE CONOSCO

Educação

  1. CAPA
  2. ›
  3. Políticas sociais
  4. ›
  5. Educação

30 AGO. 2016

Olímpicos e Paralímpicos: Universidade Ausente e Experiências Mal Digeridas


Por: Ayle-Salassié F. Quintão*
    
    No sufoco de ter o grau de qualificação do seu curso rebaixado pela Comissão de Avaliação do Ministério da Educação, o diretor tirou da algibeira o Projeto de Cobertura dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos  de Pequim. Ao ouvir a descrição da proposta,  um dos titulares da Comissão pediu, explicitamente, na banca, para ser admitido na experiência. Inseguro ainda quanto à estrutura curricular, o  curso de Jornalismo da Universidade Católica de Brasília teve a nota 4+ (para um limite de 5), superando na classificação geral cerca de 150 outros no País, entre eles alguns de maior longevidade e de imagem bem mais consolidada no mercado.

    O projeto surgira da simples observação sobre o cotidiano dos Jogos. Notícias de medalhistas de ouro chegando bêbados na Vila Olímpica; recordistas mundiais (Isinbayeva) dando entrevista nas arquibancadas; um Usain Bolt conversando com populares no calçadão. Remeto-me aos Jogos de Sidney, Atenas, Pequim,  Londres e outros cobertos pelos estudantes, por meio de simples projetos surgidos na universidade e abrigados sob a forma de parceria pedagógica pela grande mídia: Correio Braziliense, Jornal de Brasília, O Popular, Jornal do Brasil, duas revistas,  Radiobras/EBC, dezenas de rádios locais e comunitárias, redes lideradas pelas  TV Record e TV Brasil e alguns líderes regionais.

    Retroajo um pouco mais e me vem ainda à lembrança os 18 meses de treinamento que antecederam a cobertura dos Jogos Olímpicos de 2004, cujos 100 anos de sua retomada na Era Moderna seriam comemorados na Grécia. Intuiu-se organizar uma equipe de estudantes de jornalismo para cobrir o evento. A apresentação do projeto reunira, surpresos e curiosos, 250 professores e estudantes, consagrando a iniciativa. De imediato foram abertos, gratuitamente, aos interessados,  cursos de Cultura Helênica, de História dos Jogos Olímpicos, de Língua Grega e Inglesa, seguidos de Seminários  protagonizados por profissionais e atletas experientes na temática olímpica. Até o embaixador grego, Andonius Nicolaides entrou   na festa.  A iniciativa recebeu, entretanto, duras críticas internas,  atribuindo-se ao projeto a pecha de uma “aventura de dois professores”: fora dos padrões dos projetos de pesquisa da academia.

    Embora detalhado, o projeto , descrito no livro Projeto Clandestino, Editora Otimismo, 2008, de autoria minha e do prof. Paulo Trindade Vieira, era, de fato, uma espécie de  plano editorial de cobertura de um grande evento na Grécia com estudantes de Jornalismo. Estava orçado em cerca de U$ 80 mil dólares. A universidade não tinha recursos para bancá-lo e os alunos muito menos. As dificuldades tiveram de ser superadas com parcerias externas  e adesões familiares. Dos 220 inscritos haviam sobrevivido apenas 16 e os dois professores.

 
    O obstáculo maior passou a ser o credenciamento de mídia. As vagas eram  limitadas por país, havia prazo e uma taxa de US$ 1.000 a ser paga por credenciado. Iria  requerer criatividade e um esforço extraordinário junto aos comitês organizadores dos Jogos até na Suíça. Foi aí que surgiu a idéia da cobertura alternativa. Concluímos que era impossível competir com a imediaticidade do noticiário das agencias internacionais e a transmissão em tempo real das grandes redes de TV. Cobriríamos alguns eventos e as ruas, onde circulavam mais de um milhão de estrangeiros . Nas ruas seríamos imbatíveis.

    Presumimos que  poucos personagens dos Jogos  resistiriam passar por Atenas, sem visitar o Partenon; ou por Pequim, sem ir à praça do Tiannamen; ou por Londres, e não circular pela  London Tower ou pelo Picadilly Circus. Encerrada cada competição, os atletas e membros das delegações passeavam pela cidade, como os nadadores americanos. Nossos repórteres estariam lá esperando por eles, como urubus. Por segurança, credenciais e até  medalhas ficavam às vistas. Não deu outra, entrevistamos campeões mundiais e figuras estranhas aos Jogos como o lutador de boxe Evander Hollyfield, de madrugada, numa boate. Os brasileiros medalhistas foram todos ouvidos na Casa Brasil, onde o grupo era credenciado. Tornamo-nos tão íntimos de alguns que o Rivaldo, no auge do seu prestígio internacional, jogando pelo Panatinaikos, pediu aos estudantes para trazerem uma encomenda para a sua família. A TV Globo chegou a usar material dos projetos. Fomos notícias no Oragia Sport, da Grécia; no Beijing Daily, de Pequim; no The Guardian e na BBC de Londres. A experiência repetiu-se, quebrando resistências dentro dos Comitês Olímpico e Paralímpico da China e da Gran-Bretanha.
   
Com a ousada iniciativa, abriu-se  a possibilidade da flexibilização das regras do COI/IPC para o credenciamento especial de estudantes de Jornalismo dentro das Olimpiadas e das Paralimpíadas. Embora poucos acadêmicos  tenham se interessado pela experiência, o projeto foi reconhecido externamente como uma contribuição pedagógica para a desprovincialização  profissional e para a formação de uma geração de correspondentes  surgida num ambiente multicultural celebrativamente compartilhado. Como universidade,  fomos pioneiros e ainda únicos no mundo a realizar a proeza. Todos os que dela participaram, sem exceção,  foram logo absorvidos pelo mercado de trabalho e ainda hoje confirmam que a experiência mudou o curso de suas vidas como profissional.  O excelente repórter Caco Barcelos percebeu esse espaço vazio e  introduziu no Globo Repórter os estudantes de Jornalismo.  Faltaria à academia vivência suficiente para lidar com a pulsante e jornalística realidade do mundo?

Jornalista, professor, doutor em Historia Cultural

POSTAR UM NOVO COMENTÁRIO

COMENTÁRIOS

Não há comentários postados até o momento. Seja o primeiro!

LEIA TAMBÉM


Políticas sociais| 14 MAR. 2023 O VELHO NOVO ENSINO MÉDIO, Eita!!
Políticas sociais| 22 OUT. 2022 BIBLIOTECAS ESCOLARES - Necessidade? Ou Cringe?
Políticas sociais| 20 NOV. 2021 A Universidade Estadual: Longa Espera e Muitas dúvidas
Políticas sociais| 13 OUT. 2021 PAULO FREIRE, IMPRÓPRIO PARA MENORES
Políticas sociais| 09 FEV. 2021 A Escola, o Retorno
Utilizamos cookies para que você tenha a melhor experiência do nosso site. Ao contínuar navegando em nosso site, você concorda com o uso de cookies.  Saiba mais.
Eu concordo
  • CAPA
  • ECONOMIA
  • POLÍTICA
  • CIÊNCIA
  • INOVAÇÃO
  • AMBIENTAL
  • RESENHAS
  • CULTURA
  • VÍDEOS
  • ANUNCIE
  • RESPONSÁVEIS
  • FALE CONOSCO
Logomarca Debates em Rede

É um espaço para quem gosta de escrever, de ler e de ter opiniões bem fundamentadas sobre economia, política, ciências, inovação e outros temas que afetam o cotidiano das pessoas, sempre por meio de artigos, notas, comentários e informativos facilitadores do debate e da reflexão. Ao leitor há sempre espaço reservado para interagir com os articulistas, basta registrar o comentário ao final do texto.

RECEBA NOSSOS INFORMATIVOS

FIQUE CONECTADO

© 2025 DEBATES EM REDE | Política de Privacidade

ClickAtivo Desenvolvimento de Seftware