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29 SET. 2016

Inscrevendo-se na História Com Meias Verdades


Por Ayle-Salassié F. Quintão*
 

Quem vai escrever a história do impeachment  de Dilma ou do “Fora Temer” ?  É um acontecimento para  historiadores, ou apenas um fato conjuntural, eventual, registrado por jornalistas? Entre os que se preocupam com o assunto está o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin,  que prometeu lançar, em Nova York, ao longo da realização da assembléia da ONU,  um livro, intitulado O Caso Lula, com artigos de 16 autores, tratando do impeachment, da condução coercitiva, da presunção de inocência, da delação premiada e até sobre o papel do Ministério Público no Brasil.

 Com a imagem de Lula debilitada por aqui, a estratégia é buscar apoio estrangeiro. O livro ampara-se na idéia do “golpe, e destina-se a  inscrevê-la na memória das novas gerações, ao mesmo tempo em que se lança a uma tentativa de internacionalizar as discussões sobre processo judicial,  envolvendo o ex-presidente, transmitindo não apenas a idéia de algo inconstitucional, mas também de uma presumível injustiça contra um líder popular.

                Na realidade, por meio da máquina de comunicação do Governo Federal,   azeitada pelas mobilizações do PT, bem como por uma maioria no Congresso Nacional, cooptada com cargos públicos,  os petistas  esmeraram-se em construir uma imagem popular e mítica de Lula como um “salvador da pátria”, na expectativa de, com ele, perenizar o partido no Poder. A história  de Lula transitando entre a pobreza e o sindicalismo foi sempre emulada pelo sistema de comunicação oficial e, com o apoio do Ministério da Cultura, contada  em livros e filmes ("O Filho do Brasil", de Denise Paraná, S Paulo: editora Perseu Abramo, 1996). Chegou-se a reivindicar para Lula até mesmo a secretaria geral da ONU.

              Nada disso é novidade para a História. Muitos fizeram o mesmo. A experiência mais marcante foi, entretanto, a de Iosef Vissarionóvich Djugashvili, que chefiou a União Soviética por trinta anos, tempo em que inventou a própria biografia. Primeiro foi Koba, um herói da literatura popular georgiana;  depois foi Stálin , o “homem de ferro”.  Instituiu uma máquina de propaganda para construir uma imagem carismática de protetor, ao mesmo tempo em que procurou eliminar as versões dissidentes, por meio de uma eficiente polícia ( NKVD/ KGB), que preservava o que veio a ser chamado de  “o politicamente correto”. Invadiu o imaginário do povo russo como uma entidade superior. Durante algum tempo muitos esquivavam-se de escrever sobre o líder soviético. E , nem mesmo Kruschev que, ao sucedê-lo, denunciou seus crimes, conseguiu apagar da memória  do povo as fantasias sobre Stálin.  Passou-se um bom tempo da sua morte, até que historiadores e políticos  tivessem a coragem de desvendar o perfil aquele homem solitário e temido, segundo o historiador inglês, Simon Montefiore.

          Dimitri Volkogonov (“Stalin: Triumph and Tragedy”, Paperback Editions, 1995) um ex-coronel que chegou a chefiar o departamento de guerra psicológica do exercito russo, relata que, em 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial,  Josef foi julgado incapaz para o serviço militar. “Tinha o pé esquerdo defeituoso e o braço esquerdo mais curto”. E assim não participou de combates, da organização de destacamentos armados ou de visitas a navios e fábricas para incitar as massas. Figurante, ele procurou instalar-se, contudo, no quartel-general, palco central dos acontecimentos.” Emergiu  dali como gestor de órgãos do partido e do Estado.Logo seria aclamado como “Stálin é o Estado”.

O jornalista e teatrólogo Reynaldo Domingos Ferreira, autor de “Lullius Rei” (S.Paulo: Livrus, 2010) acaba de lançar um outro título chamado “Farsantasias”  (S.Paulo: Livrus, 2016), no qual afirma que na política “verdade e falsidade” são quase gêmeas”. O ato de escrever, diz, é de farsante, e a farsa, para ele, é um tipo de composição burlesca, como poucos atores – um sozinho pode interpretar vários personagens - ... “quase uma comédia viva, espontânea, alegre e mais grosseira, assumindo o papel de enredo, de argumento ou de complementação dos fatos”. 

 Daí, no caso Lula/Dilma/Temer, até que a história venha a ser devidamente esclarecida por historiadores descomprometidos com os interesses conflitantes, as narrativas parciais sobre o impeachment, a perseguição à Lula ou sobre o “Fora Temer”  já estarão institucionalizadas. Se não aparecer alguém para reposicionar os fatos dentro do acontecimento, a versão única tende a se espalhar, e a prevalecer como verdade. É o que, por analogia,  o jornalista Lourival Sant’Anna  chama, num artigo para o jornal O Estado de São Paulo (18/09), “um mundo da “pós-verdade”, no qual “fatos e invenções adquirem o mesmo peso e são incorporados de acordo com a preferência ideológica dos narradores. É uma inversão na ordem do conhecimento: em vez de tirarmos conclusões sobre o que observamos, criamos um material apropriado e uma verdade customizada, para sustentá-la”.
 
*Jornalista, professor, doutor em História Cultural.
Nota da redação: foto rede social.


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