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Educação

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07 JUN. 2018

HISTÓRIA NA SALA DE AULA

Por Ailse Therezinha Cypreste Romanelli

Um professor, diante de seus alunos, está prestes a iniciar sua aula. Mas alguém o interrompe:

- Professor, por que é que eu tenho de estudar História? Que troço chato!....

A pergunta é recorrente, mais uma vez está diante dela. Se quiser responder pode apresentar os objetivos da disciplina ou a necessidade de cumprir o currículo; a obrigatoriedade de seguir o plano de estudos; pode apelar para afirmações tradicionais: estudar o passado para entender o presente e direcionar o futuro ou aprender com os sucessos e os erros dos nossos ancestrais; para saber sobre nossas origens; quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Mas pode encerrar o assunto invocando a LDB, Art. 26, § 1º, ponto.

Mas não é bem isso que o aluno quer ouvir. Ele quer saber o que é que ele vai fazer com esse conhecimento, qual será sua utilidade depois que terminar o curso. E se pergunta:  - O que tenho a ver com a crise na Europa, decorrente da peste negra? Causas e conseqüências da revolução francesa?  O quê essa disciplina me acrescenta?

Às vezes é preciso começar do começo. O professor explicará a natureza da escola e porque nela há um currículo. O aluno não sabe o que é um currículo. Quem elabora? Qual é sua função na educação organizada? Por que História?

Se vivêssemos na tribo  a educação seria um processo informal, tal como ocorre na natureza, em todos os tempos.  Entre os animais, veremos que eles cuidam e educam suas crias; ensinam a buscar alimento, defender-se de predadores e não deixam de disciplinar os rebeldes.

Entre os humanos tais ações são muito mais necessárias porque o filhote humano não nasce andando, como macacos ou gatos. Requer cuidados logo após o nascimento,  precisa de ajuda para se alimentar e até para se mover. A criança leva tempo para aprender a se comunicar e se adaptar a esse conjunto de elementos que constituem a cultura de seu grupo. É todo um acervo que deve ser conservado, reproduzido e  aperfeiçoado para que se mantenha vivo e possa passar às novas gerações, garantindo sua sobrevivência.

Entretanto é um acervo dinâmico, ele cresce e num dado momento será preciso organizá-lo; a educação se tornará formal e sistemática,  como garantia de que todos possam ter acesso aos conhecimentos considerados mais significativos. Teve de ser sistematizado e terceirizado para a escola com suas normas e seu currículo.

De maneira bem simplista, o currículo representa uma versão resumida daquilo que o jovem precisa conhecer para encontrar seu lugar no mundo. O legado que nos chega do  passado será projetado no futuro em novas aspirações, novos valores, outras tantas urgências que o homem precisará atender enquanto tenta se adaptar às demandas decorrentes da evolução cultural.

Mas esse legado traz consigo o cenário da  época em que foi gerado. Ele nos informa  o contexto histórico em que determinados fatos ocorreram. Ou seja, os grupos sociais, com seus princípios educacionais, sempre se desenvolvem a partir de uma certa concepção de homem, sua natureza, seu destino e sua visão de mundo. Entramos na História.

Na Antiguidade Clássica o núcleo da educação era o desenvolvimento físico, o civismo, o culto da beleza. A História, regida por Clio, fazia parte das Artes das Musas. Vinha embutida na Literatura:  Os Anais,  Ilíada, A Vida dos  Doze Césares,   Vidas Paralelas, O Decamerão. Conhecemos como Literatura, mas recheada de História. 

Na Idade Média, tudo isto foi descartado, os valores clássicos foram abandonados, em princípio porque eram pagãos e porque o importante, então,  era a pureza de espírito com vistas à salvação eterna.

No Renascimento houve uma tentativa de integrar esses dois núcleos: os ideais cristãos fundados no conceito de dignidade humana e os ideais clássicos de estética.

No séc. XVI Lutero recomendou que a História entrasse nos currículos escolares.  Alguns autores a ela se referem como Cronologia, mas ficou apenas na recomendação. No séc. XVII  volta  a ser citada, mas só irá se firmar entre os séc. XVIII e XX chegando aos tempos modernos, onde a razão iluminaria tudo.
 
Esses padrões, todavia, nunca se integraram, formando um grande painel. A cada período, a atitude geral era, e continua sendo, de enterrar definitivamente o passado e partir para novos vôos rumo a uma “modernidade” que nem sempre se mostra coerente e duradoura. Apesar de todos os esforços, o passado costuma  retornar, azedando as novidades.

Que lição podemos extrair disso? Primeiro, não se pode ignorar o hoje e o agora. O sistema educacional precisa, de alguma forma, acompanhar os novos tempos.  Qual será bola da vez?  Parece que vamos voltar aos anos 60.

Nos anos 30,  quando se organizou o sistema de ensino brasileiro, a História entrou no currículo, desde as séries iniciais até o final do Ensino Médio. Tal fato reforça a idéia de currículo como um recorte da herança cultural. São conhecimentos selecionados de acordo com a época, e que se acredita serem valiosos, porque  permitirão ao aluno crescer intelectualmente,  adquirir uma profissão, melhorar sua qualidade de vida, ter independência econômica.

Mas  educação não é só erudição, ela cumpre também um papel social. Nas relações interpessoais dentro dos grupos, todos nós, de alguma forma, estamos sendo influenciados – e educados -, ao mesmo tempo em que também influenciamos - e educamos - os outros. Não podemos nos esquecer da formação da consciência moral, embora, durante um certo tempo, muitos acreditassem  que a aquisição do conhecimento levaria, necessariamente, à formação do caráter. Negativo.  Este não é um processo automático.

Piaget nos diz que a consciência moral  começa a se formar na criança, a partir do respeito às normas e àqueles que as representam - pais e professores. Trata-se de uma construção lenta, rumo a uma certa independência interior - a Etica, a integridade  a honra, a lealdade e o senso do dever, são alguns indícios dessa independência. 

Os elaboradores do currículo escolar têm uma grande responsabilidade; educar não é só construir conhecimento ou consciência política; juntamente com a família, é preciso construir, também,  a consciência moral, subjetiva, para que não se perca de vista a noção de dever, a noção de integridade, de dignidade humana. É essa aquisição de princípios e valores sociais positivos que promove a humanização do homem. A História contribui e muito.

No caso brasileiro o currículo foi importado da Itália fascista com todas as suas normas de aplicação e desenvolvimento. Proposto por Giovani Gentili, em 1922,  chegou aqui em 1942. Depois da guerra a Itália tomou outros caminhos.  Ficamos com a sucata.

As escolas recebiam tudo pronto, do MEC. Parecia uma herança sagrada de valor absoluto, um oráculo a ser seguido à risca. Durou de 1942 a 1961. Extremamente seletivo, era pontuado por uma densa rede de provas e exames. Havia poucos manuais de estudo, mas os programas das dezoito disciplinas eram imensos. O curso médio poderia ser Clássico incluindo Latim, Grego e Alemão; ou Científico, com  Matemática, Física Química e História Natural; e a lei mandava punir o professor que não cumprisse todo o programa.

Ora, se o currículo deve estar em sintonia com a evolução da sociedade precisa estar ancorado no presente, aberto às inovações na medida em que evoluem a Ciência e a Tecnologia. Deve ser constantemente reavaliado e reajustado, permanentemente abastecido com material cultural incluindo as inovações.

Em 1945, quando se encerrou a ditadura Vargas, uma comissão  começou a revisar o sistema educacional. Em 1948 o projeto foi para o Congresso, mas só foi votado em 1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Infelizmente foi uma proposta que não se efetivou.  Por falta de condições, por falta de professores, por falta de demanda.

O conteúdo e as tarefas escolares não podem estar dissociadas da vida dos alunos, nem da realidade nacional. A sociedade,  precisa perceber com clareza o quanto os processos escolares vão influir positivamente na qualidade da educação. As reações à nova lei variaram dos elogios à execração. Para alguns foi “a carta de alforria da educação brasileira”. Mas para uma grande maioria, ela enfraqueceu os currículos, limitou os alunos, incentivou a escola particular e não eliminou o vestibular.

O Ensino Médio agora seria organizado em quatro áreas: Letras, Ciências Sociais, Ciências Biológicas e Ciências Exatas.  O número de disciplinas foi reduzido. No máximo oito, nas duas primeiras séries, sendo duas optativas. No terceiro ano o aluno estudaria apenas as disciplinas exigidas no Vestibular específico do curso superior escolhido. Nunca funcionou. As escolas continuaram com o formato do antigo curso Científico até 1971 quando foi promulgada a mal amada 5.692.

Precisamos deixar de lado o enciclopedismo e propor cursos mais objetivos. A escola não pretende preparar eruditos. Todo currículo precisa contemplar duas ordens de conhecimento: Disciplinas efetivas que tratam do conhecimento das instituições sociais e da natureza e suas leis e disciplinas instrumentais, verdadeiras ferramentas para a aquisição de outros conhecimentos. O aluno que sabe ler pode, a qualquer tempo, acessar o conhecimento, daí a importância do letramento e do domínio de outras línguas  além do vernáculo.
 
No chão da sala de aula o professor, precisa dominar o conteúdo, dizer ao aluno para que serve a História, o que representa, e o quanto será útil.  Precisa olhar o aluno enquanto criança ou jovem e sua capacidade de aprendizagem, em evolução. Que processos mentais permitem a reelaboração e incorporação de novos conhecimentos e atividades? Que tipo de tarefas o aluno deve desempenhar para adquirir proficiência em leitura, por exemplo?

Podemos dizer ao nosso aluno que a História é uma disciplina de extrema importância para a sua formação e desenvolvimento. Por meio dela podemos compreender a evolução dos grupos humanos em suas relações interpessoais.. Se na Literatura podemos procurar uma fórmula para dar sentido à nossa existência, na História o aprendizado de fatores sociais, individuais e coletivos, poderão ser capazes de moldar a vida e ajudar a desenvolver o respeito às diversidades culturais e será esse entendimento que, talvez nos leve a um mundo mais humanizado.

* Mestra em Educação e membro da Academia Feminina Espírito-santense de Letras.

REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Educação e Cultura.  Lei nº 4.244 de 09 de abril de 1942, in  Lei orgânica do ensino  secundário e legislação complementar.  Serviço de Documentação, 1953.
___ . Ministério da Educação e Cultura. Lei 4.024 de 20 dez 1961. Fixa diretrizes e bases da   educação nacional. Rio de Janeiro, Gráfica Editora Aurora, Ltda. 1962.
____. Ministério da Educação e Cultura. Diretoria do Ensino Secundário. Indicações do Conselho Federal de Educação ao Art. 46 da LDB e quadros anexos, homologadas pelo Ministro da Educação, fev. de 1962 , in: Ministério da Educação e Cultura. Lei 4.024 de 20 dez 1961. Fixa diretrizes e bases da   educação nacional. Rio de Janeiro, Gráfica Editora Aurora, Ltda. 1962.
EBY, Frederick. História da Educação Moderna. Teoria, organização e práticas educacionais, séc. XVI / séc. XX. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Globo S.A.  1970.
ECO, Humberto. Seis passeios pelos bosques da ficção. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da educação no Brasil. 5.ed., Petrópolis: Vozes, 1984.


 

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